A ambição é motor de progresso

Sem se confundirem, a ambição, a iniciativa e o espírito de superação em geral vão de mãos dadas.

Os avanços de uma sociedade dão-se com as ideias e realizações pessoais, isto é, com as iniciativas que a ambição nutre. Se o marco é propício, pode haver sinergias da interacção que animam, inspiram, suscitam projectos relevantes para o colectivo social.

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Os avanços de uma sociedade dão-se com as ideias e realizações pessoais, isto é, com as iniciativas que a ambição nutre. Se o marco é propício, pode haver sinergias da interacção que animam, inspiram, suscitam projectos relevantes para o colectivo social.

Sem ambição, não há esforço orientado, as metas são indefinidas e pouco impulso para fazer mais. Está-se bem na mediania: ninguém puxa, não há modelos exigência a imitar. É a acomodação na zona de conforto, na mediocridade.  

Parece salutar alimentar uma certa insatisfação, o desejo de ir mais longe. É a forma de progredir, começando por tentar fazer melhor o de sempre e, depois, criar algo novo, um produto/serviço de utilidade.

A situação “todos bem e contentes” é acomodatícia. Os países europeus viveram uma longa abastança, em parte por mérito próprio, da sua organização e trabalho e, em boa parte, da transferência da riqueza das colónias (veja-se a desgraçada situação de exploração da Índia pelo Reino Unido). Não havia problemas materiais: a Europa era rica, sem preocupações nem desafios.

Sem problemas, a força criativa do espírito jovem aborrece-se. E para não cair no tédio, busca emoções fortes: pegar touros, no Alentejo; ou pior, lançar-se em aventuras de provocar sensações arrebatadoras, velocidades, êxtases, nirvana, alienação...

Felizmente, parte das colónias espezinhadas despertaram após a independência e retomaram o brilho intelectual e a capacidade de inventar e produzir, como sempre tinham feito antes da colonização. E isso fez tremer a Europa acomodada, com uma crise em 2007; uma crise para durar, e muito!

Com optimismo, há quem veja nela um período privilegiado para a Europa se reinventar! Desta vez, não para explorar alguém, mas progredindo com esforço nos conhecimentos, nas tecnologias, na inovação disruptiva para trazer coisas novas: produtos e serviços que transformem a vida.

A ambição é motivadora; há, contudo, o perigo de se encalhar no ‘ter mais, amealhar mais’. É mais motivador ‘criar’ ideias, modos de as fazer realidade, ‘tornando o trabalho mais estimulante’. É forma de auto-realização, com o domínio do que se faz. Daí o interesse em dar desafios aos colaboradores com valor, para os fazer sair do habitual, e conduzir à zona de desconforto, donde vêm ideias de melhorar, de fazer diferente...

Ainda mais motivadora é a razão ‘para que se fazem’ as coisas. Qual a finalidade, a quem servem? Como vão incidir na resposta às necessidades reais que a sociedade tem? Tudo na vida tem o seu peso e medida e reclama equilíbrio. Encontrá-lo, é de pessoas sensatas e sábias!

Sem se confundirem, a ambição, a iniciativa e o espírito de superação em geral – o mesmo é o de empreender, em qualquer actividade –, vão de mãos dadas. Se são vivos e contagiantes, uma sociedade torna-se imaginativa, realizadora e eficaz; cria riqueza, cria trabalho!

Fala-se em ensinar a empreender, nos primeiros anos das escolas, como ensinar matemática. Pode ter interesse, para fazer medrar ideias que realcem o alcance da acção de cada um nos problemas da sociedade. Criam-se também escolas de empreendedores, para serem fora de diálogo, debate e aprendizagem sobre os temas que os preocupam. Elas podem ajudar a definir objectivos pessoais e a contribuir para a criação de uma ampla rede social de empreendedores.

Professor da AESE-Business School. Dirigente da AAPI