Ânimos exaltam-se na Câmara dos Deputados e oposição exige "renúncia" de Dilma

Perante a divulgação de escutas telefónicas, alguns deputados gritaram pela demissão de Dilma Roussef. PRB retirou o apoio ao Governo.

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Os protestos alastraram da rua para a Câmara dos Deputados Adriano Machado/Reuters

Depois de o juiz Sérgio Moro, responsável pela Operação Lava Jato, ter levantado o sigilo em relação à investigação a Lula da Silva ao divulgar escutas telefónicas do ex-Presidente com a actual Presidente Dilma Rouseff, os ânimos aqueceram no plenário da Câmara dos Deputados.

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Depois de o juiz Sérgio Moro, responsável pela Operação Lava Jato, ter levantado o sigilo em relação à investigação a Lula da Silva ao divulgar escutas telefónicas do ex-Presidente com a actual Presidente Dilma Rouseff, os ânimos aqueceram no plenário da Câmara dos Deputados.

Um grupo de parlamentares da oposição gritou “renúncia” contra o Governo de Dilma Rousseff, exigindo a sua demissão. Para a oposição, as conversas telefónicas derrubam a versão da Presidente de que Lula da Silva iria para ministro da Casa Civil com o objectivo de fortalecer o Governo, considerando, ao invés disso, que esta nomeação se trata de uma tentativa de Lula passar a ser investigado pelo Supremo Tribunal Federal, e não por Sérgio Moro.

 “O Governo acabou. Ambos [Lula e Dilma] não merecem outro lugar senão a prisão”, afirmou Rubens Bueno, líder do Partido Popular Socialista (PPS), no plenário.

Também os líderes do DEM (democratas, de centro-direita) e do PSDB (Partido da Social Democracia Brasileira) pediram a demissão de Dilma. “O mínimo que a Presidente Dilma tem que fazer agora é renunciar à Presidência da República. É de uma gravidade ímpar. A Presidente quebra 100% a liturgia da função da Presidência, quebra o decoro, quebra a condição de presidir o país, no momento que utiliza o termo de posse para dificultar o acesso da Justiça ao ex-presidente Lula”, afirmou Ronaldo Caiado, líder do DEM.

Em defesa do Governo, José Pimentel, líder do Governo no Senado, considerou Sérgio Moro como um "ditador que não respeita a legislação brasileira", considerando a divulgação das escutas telefónicas como uma "quebra de sigilo que "fere" a democracia. 

Vários parlamentares da oposição e até mesmo da base do Governo gritaram “Lula na cadeia” e cantaram o hino nacional. Como resposta, os deputados apoiantes do Governo consideraram-nos como “golpistas”. Devido à tensão, a sessão acabou por ser suspensa.

Entretanto, a bancada do PRB (Partido Republicano Brasileiro) retirou o seu apoio ao Governo de Dilma, segundo informações avançadas pela Folha de S.Paulo. O ministro do Desporto, George Hilton, terá deixado o cargo à disposição. Numa decisão unânime, o partido que tem 22 deputados torna-se o primeiro a abandonar o Governo.

No exterior, em frente ao Palácio do Planalto, cerca de duas mil pessoas manifestaram-se contra a nomeação de Lula da Silva. Perante a tensão, a polícia chegou a disparar gás pimenta. Um homem foi preso, suspeito de fazer explodir uma bomba caseira perto do Palácio, segundo informações do Globo.