Editores exigem refundação do Festival de Angoulême e ameaçam boicote em 2017

A polémica ausência de mulheres na lista de candidatos ao Grande Prémio em 2016 amplificou-se. "É impossível deixar degradar-se e macular desta forma a imagem da 9.ª Arte”, concluem os profissionais do sector no final de uma edição polémica.

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Astérix em destaque na 40.ª edição do festival, em 2013, em que foi prestada homenagem a Uderzo AFP PHOTO/JEAN-PIERRE MULLER

A polémica levantada na mais recente edição do Festival de Angoulême, nascida com o escândalo da ausência de mulheres na lista de 30 candidatos à vitória no Grande Prémio, não terminou na cerimónia de encerramento do mais antigo festival de banda desenhada europeu. Pelo contrário, ganhou novos contornos. Às acusações de sexismo juntam-se críticas ao festival como um todo e, caso não sejam tomadas medidas pela organização, a edição de 2017 pode estar em perigo.

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A polémica levantada na mais recente edição do Festival de Angoulême, nascida com o escândalo da ausência de mulheres na lista de 30 candidatos à vitória no Grande Prémio, não terminou na cerimónia de encerramento do mais antigo festival de banda desenhada europeu. Pelo contrário, ganhou novos contornos. Às acusações de sexismo juntam-se críticas ao festival como um todo e, caso não sejam tomadas medidas pela organização, a edição de 2017 pode estar em perigo.

Esta terça-feira, um comunicado dos profissionais do Sindicato Nacional de Editores e do Sindicato dos Editores Alternativos apelava a uma “refundação radical” do festival e apelava à ministra da Cultura francesa, Audrey Azoulay, no cargo há duas semanas, que fizesse a mediação entre os editores e os organizadores.

“O festival deve ser repensado em profundidade, em termos de estrutura, gestão, estratégia, projecto e ambições”, defendem os editores, que deixam fortes críticas à edição deste ano, realizada entre 28 e 31 de Janeiro. Além da ausência de mulheres na lista de candidatos ao Grande Prémio, o que levou nomes de relevo como Ria Sattouf, Joann Sfar, Milo Manara ou Daniel Clowes a exigir serem dela retirados, são realçados o “descontentamento” de vários autores que consideram ter sido “desconsiderados pela organização”, a redução do número de público presente, “a opacidade na escolha dos prémios” e a “cerimónia de encerramento desastrosa”.

Em entrevista ao Le Monde, Guy Delcourt, das edições Delcourt e presidente da secção de Banda Desenhada no Sindicato Nacional de Editores, garantiu que a ameaça de boicote da edição de 2017 é real e não apenas uma forma de pressão sobre a actual organização de Angoulême. “Estamos determinados a ir até ao fim para que seja levada a cabo uma refundação deste festival de dimensão internacional incontestável. Tornou-se necessário partir de uma folha em branco”, afirmou. “O nível de insatisfação dos editores nunca esteve tão alto”. Como é natural, o comunicado dos editores ia ao encontro do afirmado por Delcourt: “É impossível deixar degradar-se e macular desta forma a imagem da 9.ª Arte, tanto em França como no estrangeiro."

O histórico festival de Angoulême teve a sua primeira edição em 1974 e, segundo informa o Le Parisien, atrai uma média de 200 mil pessoas por edição.