Kanye West faz Waves em Nova Iorque, no Arrábida Shopping e no Corte Inglés

O nome do novo álbum afinal é The Life of Pablo, apresentado esta quinta-feira com uma colecção de moda, no Madison Square Garden e numa sala de cinema perto de si.

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Em menos de duas semanas, Rihanna lançou atabalhoadamente um álbum em streaming, Beyoncé conquistou o Super Bowl com anúncio de novo trabalho e digressão e agora é Kanye West que se atira ao domínio da conversa musical global. Esta quinta-feira, a moda junta-se à Internet e aos espectáculos desportivos na lista de dispositivos que têm catapultado as novidades de estrelas maiores da pop e do hip hop. De Manhattan para o mundo, com o Twitter a temperar a expectativa, o espectáculo Kanye West segue dentro de momentos.

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Em menos de duas semanas, Rihanna lançou atabalhoadamente um álbum em streaming, Beyoncé conquistou o Super Bowl com anúncio de novo trabalho e digressão e agora é Kanye West que se atira ao domínio da conversa musical global. Esta quinta-feira, a moda junta-se à Internet e aos espectáculos desportivos na lista de dispositivos que têm catapultado as novidades de estrelas maiores da pop e do hip hop. De Manhattan para o mundo, com o Twitter a temperar a expectativa, o espectáculo Kanye West segue dentro de momentos.

So Help me God, Swish, Waves, T.L.O.P. – West deu vários nomes ao seu novo trabalho antes de confirmar, esta quinta-feira, que a sigla é mesmo a pista para o título final, The Life of Pablo. Hoje, no Madison Square Garden de Nova Iorque, templo desportivo e sala de espectáculos musicais, o público vai assistir ao desfile de Yeezy 3 e também ao evento de escuta em primeira mão do disco. Os bilhetes postos à venda para a festa-desfile-intervenção (a sua colaboradora e artista contemporânea Vanessa Beecroft vai actuar) já esgotaram, mas os fãs poderão ir ao cinema nos EUA e na Europa para acompanhar o evento. Em Portugal, haverá sessões às 21h15 nos cinemas UCI em Lisboa e Porto (El Corte Inglés e Arrábida Shopping)  onde afinal é um evento de “estreia de Waves” que se anuncia , para ver ao vivo o que estará a decorrer em Manhattan por 11,70 euros.

Tal como Rihanna, que tinha polvilhado os anos sem novo álbum com singles soltos – um deles a colaboração com West e Paul McCartney, FourFiveSeconds , Kanye parece ter deixado muitos dos seus trabalhos de interstício de fora do sétimo álbum. O possível alinhamento, dado a conhecer nas redes sociais (e com um símbolo da sua ligação a toda uma outra área da celebridade do século XXI, um escrito brincalhão da sua cunhada e jovem estrela de reality TV Kylie Jenner), mostra dez faixas. Entre elas estavam colaborações com Kendrick Lamar (No more parties in L.A., entretanto removida do alinhamento final revelado nas últimas horas), Sia (Wolves), A$AP Rocky, The-Dream ou Swizz Beatz; já temas como Facts, lançada no Soundcloud em Dezembro gerando reacções menos positivas e onde nomeia Bill Cosby, não entram no disco. Ainda assim, West já disse uma coisa sobre o sucessor de Yeezus (2013) – “é um álbum gospel com muitos palavrões”, descreveu há dias numa entrevista radiofónica. “É o gospel [palavra que represento o género musical e significa também “evangelho”] segundo Ye”, diz, encurtando o seu petit nom Yeezy, “Não exactamente o que acontece na Bíblia mas é a história da ideia de Maria Madalena se tornar Maria”.

Outra coisa que Kanye West, músico e empreendedor que vale 30 milhões de dólares, também já disse sobre o novo trabalho: “o melhor álbum de todos os tempos”, twitou em Janeiro, para depois corrigir que “este não é o álbum do ano” mas sim “o álbum da vida” e, por fim, decretar que “é um dos melhores álbuns” de sempre.

Mestre da manipulação
Nada é simples no mundo de Kanye West. Um polemista mestre da manipulação da sua imagem e ao mesmo tempo orgulhoso independente, o músico tem feito do caminho rumo ao seu sétimo álbum um rodízio de opiniões, imagens e partilhas no Twitter.

Nos últimos dias, conseguiu mudar o nome do seu álbum várias vezes, entrar em polémica com um dos maiores atletas de sempre (Michael Jordan), pedir-lhe desculpas, atacar um colega rapper (Wiz Khalifa), preparar a sua terceira colecção de moda (Yeezy Season 3, uma aventura que começou como uma colaboração com a Adidas mas que agora remete apenas o calçado de edição limitada para a marca), ultimar o álbum e ainda defender a inocência de um dos mais controversos nomes do momento nos EUA (Bill Cosby, símbolo negro acusado por dezenas de mulheres de abuso sexual ao longo das últimas décadas).

Por um lado, eleva a fasquia conceptual e faz a apresentação conjunta  “um sonho tornado realidade”, escreveu no Twitter – da sua música e da sua moda na Semana de Moda de Nova Iorque; por outro, nomeia os convidados de luxo na mesma rede social onde partilha a roupa com que vestirá a mulher, a reality star Kim Kardashian, que fará a sua primeira aparição pública desde que foi mãe.

Também já disse que se vai candidatar à presidência dos EUA em 2020 e foi alvo de uma petição para que fosse retirado do alinhamento do festival de Glastonbury em 2015 – a sua poderosa actuação eclipsou as críticas. Com uma comunidade mundial de fãs fiéis, não consegue a mesma unanimidade nas suas incursões no mundo da moda. São bem sucedidas na sua mediatização e adornadas pelos grandes nomes que o apoiam (Riccardo Tisci, director criativo da Givenchy, ou a colaboração de 2009 com a Louis Vuitton), mas menos conseguidas junto da crítica, consideradas devedoras de designers estabelecidos como Rick Owens, por exemplo, ou usadas como palco para o debute de um par de canções (o caso de Wolves e de Fade).

Kanye West é uma personagem pública excessiva numa era de acesso e visibilidade quase directos e totais, um músico ou adorado ou odiado, mas de talento reconhecido. Os clipes das suas interrupções nos prémios da MTV são de antologia da cultura pop recente e já se comparou a Leonardo da Vinci, a Picasso, Warhol ou Shakespeare. O seu último nome artístico, Yeezy, uma degenerescência do título do sexto álbum, Yeezus, não deixa grandes dúvidas sobre o messias a que se quer aproximar. Cultiva esse excesso – “sou um orador extremo”, disse no Verão passado ao Times britânico. 

Notícia actualizada a 11 de Fevereiro: confirmação do título do novo trabalho de West e do seu alinhamento