Aung San Suu Kyi venceu na Birmânia e tem cinco grandes desafios à sua espera

A líder da oposição chega ao poder num país que a Junta Militar deixou em ruínas, com sistemas de saúde e educação em farrapos. Terá de recuperar a economia e encontrar o caminho para a reconciliação nacional.

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Foi esmagadora a vitória do partido de Aung San Suu Kyi nas legislativas birmanesas de 8 de Novembro. O resultado oficial foi anunciado esta sexta-feira, o dia em que passam cinco anos desde que a líder histórica da oposição foi libertada, depois de cinco anos em prisão domiciliária.

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Foi esmagadora a vitória do partido de Aung San Suu Kyi nas legislativas birmanesas de 8 de Novembro. O resultado oficial foi anunciado esta sexta-feira, o dia em que passam cinco anos desde que a líder histórica da oposição foi libertada, depois de cinco anos em prisão domiciliária.

A expectativa é imensa e é sobre ela que recai a esperança da população, depois de mais de meio século de repressão e asfixia económica. Estes são os cinco principais desafios de Suu Kyi, a líder histórica da oposição a quem foi atribuído um Prémio Nobel da Paz e vai agora governar a Birmânia.

Eleger um Presidente

A primeira tarefa do novo Parlamento, em Fevereiro ou Março do próximo ano, será eleger um Presidente. Aung San Suu Kyi, mãe de dois filhos britânicos, não poderá ocupar o lugar por estar definido na Constituição que pais de filhos com nacionalidade estrangeira não poderão tornar-se chefes de Estado. Suu Kyi afirmou já que irá ser ela a chefiar o Governo, e não deixa de parte a luta por alterações à Constituição. A Liga Nacional para a Democracia, que com a maioria absoluta assegurou o poder de nomear o Presidente, não revelou ainda o nome do seu candidato.

Adoptar as prometidas reformas sociais

A Liga Nacional pela Democracia, o partido de Suu Kyi, definiu que, assim que chegasse o poder, a Educação e a Saúde iriam ser as prioridades. O país regista os piores valores orçamentais a nível mundial dedicados aos dois sectores. Mais de um terço da população vive no limiar da pobreza e 70% do país não tem electricidade. “Iremos construir infra-estruturas básicas, nomeadamente transportes e rede eléctrica”, referia o memorando da campanha da Liga.

Reformar a economia

O país que em breve deixará de ser dirigido por uma Junta Militar adepta da “via birmanesa para o socialismo” está de momento em quarto lugar na lista dos países que mais crescem em todo o mundo, segundo o Banco Mundial. Segundo este, em 2014-15 a Birmânia teve um crescimento económico superior a 8%, porém o PIB per capita continua a ser um dos mais baixos do Sudeste asiático. A economia, que Suu Kyi quer tornar mais transparente, é controlada por controversos empresários com relações próximas aos líderes do antigo regime.

Criar boas relações com os militares

Os herdeiros do antigo regime representam ainda uma força política crucial no país - 25% dos deputados no Parlamento são militares. Uma herança da Junta que impede Suu Kyi de alterar a Constituição sem a aprovação de parte desses deputados. Entre outros poderes, o chefe das forças armadas conserva o direito de nomear ministros chave, como o da Defesa e o do Interior.

Regular conflitos étnicos

Aung San Suu Kyi vai precisar de apoio dos militares para conseguir progredir em temas sensíveis, como é o caso dos conflitos étnicos armados que se prolongam há décadas em algumas regiões. A votação de 8 de Novembro foi cancelada em alguns locais precisamente devido a conflitos. Mas nestas eleições, o partido de Aung San Suu KYi ganhou todos os lugares em disputa para o Parlamento em regiões de minorias étnicas não favoráveis à oposição, o que deixou estes grupos sem representante, mas pode ser um sinal de que também ali a sua chegada ao poder alimenta esperanças.