Empresas não cotadas já captaram este ano 400 milhões no mercado de dívida

Há cada vez mais interesse no mercado de obrigações como alternativa de financiamento de longo prazo. Grupo Violas, accionista da Unicer, emitiu 100 milhões de euros, o maior valor de 2015.

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Dez, nove, oito, sete, seis, cinco, quatro, três, dois, um. E o sino toca. Assim se assinala na bolsa o encerramento “simbólico” do mercado em dias especiais. Nesta quarta-feira, pontualmente às 16h30, foi a vez de Manuel Violas tocar o sino da praça lisboeta.

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O grupo Violas SGPS, que o empresário lidera, não está presente na Bolsa de Lisboa, mas esta semana passou a fazer parte do lote de empresas não cotadas que foram admitidas no Euronext Lisbon para se financiarem através de obrigações.

Ao longo de 2014 e deste ano, foram 12 as não cotadas que foram ao mercado emitir obrigações para diversificar as suas fontes de financiamento. Ao todo, foram realizadas 14 operações no EasyNext Lisbon, o mercado do Euronext onde são negociados os chamados valores mobiliários estruturados. Nestes dois anos, as empresas já captaram financiamento no valor de 715 milhões de euros. Deste valor, 400 milhões de euros foram conseguidos em 2015.

Empresas como o grupo José de Mello Saúde, a cadeia de hotelaria Pestana ou as farmacêuticas Bial, Generis e Hovione já realizaram operações semelhantes para obter financiamento no mercado. E duas delas – o grupo Pestana e a José de Mello Saúde – fizeram mais do que uma emissão nestes dois anos.

Em 2015, a bolsa já conta com oito emissões realizadas por parte de empresas não cotadas, num total de 400 milhões de euros. Para se chegar a este valor foi determinante a operação realizada pelo grupo Violas. O conglomerado – accionista da Unicer e com investimentos que vão da área do turismo, aos casinos, passando pelo imobiliário, transportes e têxtil – foi ao mercado buscar 100 milhões de euros, através da emissão de obrigações com uma maturidade de oito anos (vencem em 2013), a uma taxa de 2,25%. O BPI foi o banco responsável pela colocação dos títulos.

Do leque de 14 emissões concretizadas em 2014 e 2015, os 100 milhões de euros de financiamento conseguido pelo grupo Violas representam o valor mais alto envolvido nestas operações.

O grupo Violas é accionista da Unicer através da participação de 46,5% na Viacer, a holding que controla a dona da Super Bock (com uma posição de 56%). Do poertefólio de investimentos do grupo faz ainda parte a Solverde, que detém por exemplo os casinos de Espinho, Vilamoura, Monte Gordo, e está presente na hotelaria e na organização de eventos de golfe e torneios de poker.

Capital permanente

O presidente da Bolsa de Lisboa (Euronext Lisbon), Luís Laginha de Sousa, que esteve ao lado de Manuel Violas no momento de tocar o sino, sublinhou que os mercados “têm muitas portas de entrada” sem ser obrigatoriamente pela presença na bolsa. E a operação do grupo Violas, vincou, é “sinónimo disso mesmo”. Uma empresa, mesmo não sendo cotada, pode aceder ao mercado de capitais sem ser “mergulhando de cabeça”. Explica: “Pode-se ir entrando de forma faseada”.

Laginha de Sousa fala num “número crescente” de não cotadas que têm vindo a emitir obrigações, o que tem acontecido “sobretudo desde o ano passado”, tendência que se tem mantido ao longo de 2015. “O grande desafio do nosso universo empresarial em temos gerais é a capitalização. As obrigações, não sendo capital próprio, são consideradas capital permanente. E as necessidades de financiamento de longo prazo devem ser financiadas por fundos de longo prazo”, enfatizou o presidente da Bolsa.

Para o grupo Violas SGPS, a emissão de obrigações de 100 milhões de euros foi uma oportunidade alternativa aos meios de financiamento que a empresa vinha a utilizar, sublinhou o presidente, Manuel Violas.

“O Grupo Violas tem uma diversidade enorme de empresas e cada uma fazia os seus financiamentos e sobretudo a curto prazo. Atendendo às taxas actuais, pensámos por bem refazer uma parte da dívida de longo prazo”, afirmou o gestor aos jornalistas, no final da cerimónia. E no horizonte está uma entrada em bolsa? “No imediato, não pensamos nisso. Mas nunca se sabe. É uma forma efectiva de financiamento”, responde, lembrando que já outras empresas do grupo já estiveram cotadas na praça lisboa (caso da Unicer e da Solverde).

Antes da emissão de obrigações do grupo Violas aconteceu, em Setembro, uma operação semelhante por parte da farmacêutica Hovione, que captou 40 milhões de euros em títulos com um prazo de vencimento a oito anos.

Nas operações de 2014 e 2015, o valor mais alto conseguido no EasyNext Lisbon antes da emissão do grupo Violas foi de 80 milhões de euros, o que aconteceu em Maio do ano passado com a Celbi (fábrica de pasta de papel) e, já este ano, com a cimenteira Secil, num montante idêntico. A José Mello Saúde conseguiu 50 milhões de euros em cada uma das duas emissões realizadas (Agosto de 2014 e Maio deste ano). E o grupo Pestana financiou-se em 65 milhões de euros há um ano, conseguindo mais 15 milhões em Julho deste ano.

Em 2014, em que se realizaram seis operações, nomeadamente da Bial e da Auto-Sueco, o valor captado elas empresas foi de 315 milhões de euros.