Abaixo o w

Schama mostra-nos que a insatisfação de Churchill não era com o retrato: era com ele próprio.

Sou fã de Simon Schama. Leio os livros e vejo as séries e nunca me canso da inteligência e da sensibilidade dele.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

Sou fã de Simon Schama. Leio os livros e vejo as séries e nunca me canso da inteligência e da sensibilidade dele.

A série mais recente chama-se Face of Britain e contém cinco programas fascinantes sobre retratos do National Portrait Gallery. O primeiro, chamado Power conta a extraordinária história da antipatia de Winston Churchill pelo magnífico retrato dele que pintou Graham Sutherland. Quando o recebeu criticou-o em público (usando "moderno" como insulto) e, uns dias depois pegou-lhe fogo.

Schama mostra-nos que a insatisfação de Churchill não era com o retrato: era com ele próprio e o declínio físico que não queria enfrentar. Na primeira sessão perguntou a Sutherland qual dos dois Churchills é que queria: o buldogue ou a cara de bebé?

Schama mostra-nos as fotografias de Churchill que Sutherland tirou e convence-nos que o retrato é uma versão justa e até generosa da cara e da figura do grande herói.

Só ouvi um erro. Como é que um homem tão culto como Schama pronuncia Velázquez como Velázqwés? Sabemos que qu em inglês se pode pronunciar qw (quiet queen) mas também há antique, baroque e muitas outras palavras em que não há duplo vê para ninguém.

Acontece o mesmo com o meu nome Miguel. Mesmo ingleses cultos lêem-no como Migwell. Mais uma vez há palavras inglesas (rogue ou tongue) em que o duplo-vê ficaria ridículo.

Vale a pena guglar e ler (a rir) o artigo Ghoti (pronunciado fish) que Ben Zimmer escreveu para a revista do New York Times.