Bons rapazes

Lendas do Crime é uma visão colorida, entre o realismo e o romantismo, do submundo britânico, reconstituído com uma tímida vontade de “estilo” à americana.

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Tom Hardy vezes dois Greg Williams/Studiocanal/PA Wire

Os irmãos gémeos Kray, gangsters que dominaram o submundo londrino durante os anos 60, tornaram-se parte tão integrante da mitologia pop dessa década da swinging London como outras figuras da música e das artes. Lendas do Crime não é primeiro filme sobre eles, e alguns lembrar-se-ão de um filme de Peter Medak no princípio dos anos 90, os Irmãos Kray, que tinha a particularidade de trazer os irmãos Kemp (dos Spandau Ballet) como protagonistas. No filme de Brian Helgeland, é um em dois: Tom Hardy multiplica-se nas duas personagens, Ronnie e Reggie.

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Os irmãos gémeos Kray, gangsters que dominaram o submundo londrino durante os anos 60, tornaram-se parte tão integrante da mitologia pop dessa década da swinging London como outras figuras da música e das artes. Lendas do Crime não é primeiro filme sobre eles, e alguns lembrar-se-ão de um filme de Peter Medak no princípio dos anos 90, os Irmãos Kray, que tinha a particularidade de trazer os irmãos Kemp (dos Spandau Ballet) como protagonistas. No filme de Brian Helgeland, é um em dois: Tom Hardy multiplica-se nas duas personagens, Ronnie e Reggie.

Podia ser um gimmick, apenas uma “proeza” para atrair atenções sobre o filme, mas acaba por ter alguma relevância prática: se Hardy se revela um actor mais versátil do que os papeis de vilão brutamontes em que se tem destacado (por exemplo no último Batman), a diferença de personalidade entre os dois irmãos é um dos focos do filme, e isso é algo que Hardy não apenas sustenta bem como torna justa, e de certa forma “essencial” ao coração de Lendas do Crime, a opção por um só actor para os dois papéis.

Fora a dimensão psicológica do seu retrato dos Krays, Lendas do Crime é uma visão colorida, entre o realismo e o romantismo, do universo do submundo, reconstituído com valores de produção competentes e convincentes, mas que não ultrapassa, na direcção do americano Helgeland, uma tímida vontade de “estilo”, em parte influenciada mais pelas tradições americanas (uns pozinhos de Goodfellas) do que pelas correntes mais usuais do cinema britânico. Em todo o caso, isto é certo, é melhor e mais sóbrio do que qualquer coisa que Guy Ritchie já tenha feito.