Roseta detectou moléculas de oxigénio no cometa 67P

A sonda da Agência Espacial Europeia, em órbita à volta do cometa Churiumov-Gerasimenko, também conhecido como 67P, fez uma surpreendente descoberta.

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Representação artística da sonda Roseta a aproximar-se do cometa Churyumov-Gerasimenko ESA/ATG medialab/ Roseta/ NAVCAM

A “atmosfera” – a cauda gasosa – do cometa Churiumov-Gerasimenko (ou 67P) contém uma elevada proporção de moléculas de oxigénio, algo que até aqui nunca tinha sido observado num cometa. Os resultados, que poderão obrigar a rever as teorias de formação do nosso sistema solar, foram publicados na revista Nature com data desta quinta-feira.

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A “atmosfera” – a cauda gasosa – do cometa Churiumov-Gerasimenko (ou 67P) contém uma elevada proporção de moléculas de oxigénio, algo que até aqui nunca tinha sido observado num cometa. Os resultados, que poderão obrigar a rever as teorias de formação do nosso sistema solar, foram publicados na revista Nature com data desta quinta-feira.

Entre Setembro de 2014 e Março de 2015, uma equipa internacional liderada por André Bieler, da Universidade do Michigan (EUA), realizou medições dos gases da atmosfera do cometa com o espectrómetro de massa ROSINA, instalado a bordo da sonda Roseta da Agência Espacial Europeia (ESA), em órbita à volta de 67P. E essas medições revelaram que o oxigénio molecular (O2) é o “quarto gás mais comum na atmosfera do cometa, a seguir à água, ao monóxido de carbono e ao dióxido de carbono”, explica em comunicado a Universidade de Berna (Suíça), cujos cientistas participaram no estudo.

Os cometas são “testemunhas” dos primórdios do sistema solar. E até aqui, pensava-se que o oxigénio molecular, que é altamente reactivo, se tinha combinado naquela remota altura com hidrogénio para formar água. “Nunca teríamos imaginado que o oxigénio pudesse ‘sobreviver’ durante milhares de milhões de anos sem se combinar com outras substâncias”, diz Katrhin Altwegg, da Universidade de Berna e co-autora do artigo, citada no mesmo documento.

Se as moléculas de oxigénio ainda não tinham sido detectadas noutros cometas, isso deve-se à dificuldade de o fazer a partir de espectrómetros instalados em telescópios. Foram precisas as medições in situ da Roseta para isso se tornar possível, lê-se ainda no comunicado.

A explicação mais plausível, dizem os autores, é que o oxigénio na atmosfera de 67P se tenha formado muito cedo, mesmo antes da formação do sistema solar. “Estes novos resultados, que apontam para uma origem antiga do oxigénio [do cometa] poderão desacreditar alguns dos modelos teóricos sobre a formação do sistema solar”, diz Altwegg.