Nuno Baltazar em África no último dia de Verão do Portugal Fashion

Os 20 anos do 37.º Portugal Fashion fecharam a quente e com um orçamento 1,2 milhões de euros para a estação. Em quatro dias, 25 mil pessoas passaram pelo evento.

Fotogaleria

Uma peça de roupa tem história – remete-nos para uma viagem, um momento especial, um sentimento. A história das peças de Nuno Baltazar é a de Karen Blixen em África Minha e a sua apresentação Primavera/Verão 2016, com cores quentes e vista para o Douro. A 37.ª edição do Portugal Fashion, que termina este sábado no Porto, contou com um orçamento de 450 mil euros, mas no total da estação levar o próximo Verão de criadores portugueses a outras quatro cidades europeias custou 1,2 milhões de euros.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

Uma peça de roupa tem história – remete-nos para uma viagem, um momento especial, um sentimento. A história das peças de Nuno Baltazar é a de Karen Blixen em África Minha e a sua apresentação Primavera/Verão 2016, com cores quentes e vista para o Douro. A 37.ª edição do Portugal Fashion, que termina este sábado no Porto, contou com um orçamento de 450 mil euros, mas no total da estação levar o próximo Verão de criadores portugueses a outras quatro cidades europeias custou 1,2 milhões de euros.

A manhã de sábado chuvoso não assustou o público de Nuno Baltazar, que apresentou o seu tributo ao 30.º aniversário do filme de Sidney Pollack nas antigas oficinas da Alfândega do Porto, junto ao rio. Com a narração da história da escritora dinamarquesa Karen Blixen, que viveu no Quénia entre os anos 1915 e 1931, a ressoar na sala (pequena demais para convidados do criador, imprensa e alguns buyers ), as mulheres de Baltazar desfilaram texturas, cores e detalhes que evocavam a etnia Kikuyu da região dos Grandes Lagos africanos.

De peças branco-pérola mais sofisticadas a jacquards com telas mais pesadas, passando por opções mais casuais em ganga leve - numa paleta quente de laranjas, terracota, amarelo-torrado, ouro e silhuetas justas na cintura, muitas com decotes em V. A complementar, óculos de sol. "Quis criar looks tanto europeus como citadinos que contam histórias, contam a experiência de Karen Blixen, da Dinamarca para o Quénia, e a forma como marcou África e a visão que temos do continente", justificou o designer aos jornalistas no final do desfile.

O financiamento do Portugal Fashion é feito através do Quadro de Referência Estratégica Nacional (QREN) no âmbito do Programa Compete e está garantido até 2020. Com a moda de autor a ganhar protagonismo no Portugal Fashion – e o evento a multiplicar desfiles em cidades como Berlim, Londres, Milão ou Paris – o criador, que tem loja e estrutura na cidade do Porto, tem como objectivo internacionalizar a marca mas admite que isso “depende, também, da organização” do evento. Nuno Baltazar voltou a apresentar-se no Porto em Outubro de 2014, oito anos depois da última presença no Portugal Fashion – período em que mostrava as suas colecções na ModaLisboa.

Já Luís Buchinho, que se apresenta no Portugal Fashion desde 1995, levou uma discoteca (Club é o nome desta colecção) ao Quartel Serpa Pinto – a única mudança de local do dia, fruto da descentralização do local dos desfiles que a organização incentiva há um ano. Tecto, janelas e bancos forrados a vinil preto e inspiração na música The Chauffeur dos Duran Duran e a colecção de Buchinho, já apresentada em Paris, a envolver várias personagens - femme fatales, androginia com base nas primeiras boyband e a excentricidade de grupos musicais como os Culture Club ou Thompson Twins - e uma mistura propositada de materiais que conferem diferentes texturas.

Numa sala cheia, propôs fendas nas mangas dos casacos e das blusas, dos macacões e também fendas laterais ou centrais em calças. O que faz com que silhuetas rígidas, mais associadas ao sexo masculino, se tornem fluidas, mais femininas.

O último dia de apresentações, com alguns atrasos na sequência da mudança de localização, continuou com as propostas de Inês Marques, [UN]T, Mafalda Fonseca e de alunos de três escolas de moda (Modatex, Escola Superior de Artes e Design e Escola de Moda do Porto) na plataforma de novos talentos Bloom. Estes desfiles de jovens designers, abertos ao público – assim como a instalação dos 20 anos do Portugal Fashion, com uma passerelle a fazer de entrada para recortes de artigos de imprensa sobre as edições do evento, retratos dos criadores e dos modelos –, são feitos numa sala da Alfândega do Porto, o “centro nevrálgico” do evento, e dois pisos abaixo da passerelle principal.

A tarde do Portugal Fashion, com um calendário apertado entre desfiles principais e da plataforma Bloom com apresentações quase em simultâneo, continuou com seis marcas de calçado e sete de vestuário - e os desfiles de indústria, parte do ADN do evento (pensado para fazer uma ponte entre o tecido industrial e o design de autor), atraíram o público também pela sua componente espectáculo, com coreografias diferentes dos tradicionais desfiles e figuras conhecidas como o actor Lourenço Ortigão ou o surfista Garrett McNamara. Seguiu-se o designer de calçado Luís Onofre e, à noite, Carlos Gil fecha esta edição com a sua colecção New Sartorial, já apresentada em Milão, num evento paralelo à semana de moda, com o apoio do Portugal Fashion, e há duas semanas na ModaLisboa. 

A jornalista está hospedada a convite do Portugal Fashion