Genética dos elefantes explica porque têm poucos cancros

O maior mamífero terrestre tem 40 cópias de um gene que ajuda a combater o cancro, enquanto humanos têm apenas duas cópias.

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O elefante africano vive até aos 70 anos Tony Karumba/AFP

Segundo os investigadores, quando o ADN de uma célula do elefante é lesionado, estas proteínas são logo activadas e a célula suicida-se, evitando assim o desenvolvimento do cancro. Este fenómeno explica, pelo menos em parte, aquilo que parece ser um paradoxo. Cada célula tem o potencial teórico de originar o cancro e os elefantes têm muitas mais células do que os humanos. Por isso, deveriam sofrer mais desta doença, no entanto têm menos cancros do que os humanos.

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Segundo os investigadores, quando o ADN de uma célula do elefante é lesionado, estas proteínas são logo activadas e a célula suicida-se, evitando assim o desenvolvimento do cancro. Este fenómeno explica, pelo menos em parte, aquilo que parece ser um paradoxo. Cada célula tem o potencial teórico de originar o cancro e os elefantes têm muitas mais células do que os humanos. Por isso, deveriam sofrer mais desta doença, no entanto têm menos cancros do que os humanos.

A análise de uma extensa base de dados de óbitos de elefantes mostrou que a taxa de mortalidade por cancro entre eles é inferior a 5%, quando nos humanos é responsável por cerca de 11% a 25% das mortes.

Os elefantes, que vivem 50 a 70 anos, estão "equipados" com um mecanismo mais agressivo contra lesões nas células que podem tornar-se cancerígenas. "Nas células dos elefantes, esta actividade está duplicada, comparativamente com células humanas saudáveis", assinala o estudo, conduzido por investigadores da Universidade de Utah, da Universidade Estatal de Arizona e do Centro Ringling Bros para a Conservação de Elefantes, nos Estados Unidos.

Os especialistas compararam as reacções anticancerígenas de células imunitárias de elefantes com as de humanos, incluindo de pessoas com síndrome de Li-Fraumeni, uma doença hereditária rara caracterizada pela presença de vários tumores no organismo. Nestes doentes, o risco de cancro é superior a 90%, uma vez que têm apenas uma cópia activa do gene que codifica a proteína p53.

Os autores do estudo constataram que células extraídas de elefantes se autodestruíam duas vezes mais (14,6%) do que as de pessoas saudáveis (7,2%) e cinco vezes mais do que as de doentes com síndrome de Li-Fraumeni (2,7%).

Os investigadores esperam que a descoberta possa conduzir ao desenvolvimento de novos tratamentos contra o cancro.