Campanhas

Alguns zelosos patetas pensam que uma “boa arruada” demonstra “força”. Erro deles.

Como também não acredito que uma senhora tão culta e estonteante como Joana Amaral Dias tenha querido realmente provar que estava grávida ou sentisse a necessidade de esclarecer o país sobre a eficiência com que havia cometido tal proeza. Verdade que esta campanha eleitoral não foi até agora um modelo de inteligência e gosto. De qualquer maneira, nunca os portugueses consentiriam que se transformasse num objecto de que a Pátria e a sua gloriosa história se pudessem um dia envergonhar.

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Como também não acredito que uma senhora tão culta e estonteante como Joana Amaral Dias tenha querido realmente provar que estava grávida ou sentisse a necessidade de esclarecer o país sobre a eficiência com que havia cometido tal proeza. Verdade que esta campanha eleitoral não foi até agora um modelo de inteligência e gosto. De qualquer maneira, nunca os portugueses consentiriam que se transformasse num objecto de que a Pátria e a sua gloriosa história se pudessem um dia envergonhar.

Claro que o dr. António Costa, num esguicho de radicalismo e de amor do povo, resolveu ameaçar o estimável público que, se a direita ganhasse, não aprovaria o orçamento de 2015 ou sequer o programa de governo de Passos Coelho. Só que a nossa tradicional benevolência e tranquilidade não se altera por tão pouca coisa. Já houve revolucionários de prestígio, como o chefe do PSOE Largo Caballero, que usaram essa benemérita táctica para ganhar ou desqualificar eleições. Admito até que Largo conduziu a sociedade espanhola a uma guerra civil nada agradável. Mas para destruir o Estado e a democracia há certos sacrifícios que se devem aceitar a bem das classes, digamos, desprotegidas. Se o dr. António Costa as quer verdadeiramente redimir não deve ter uma hesitação em as liquidar primeiro.

Entretanto, como toda a gente, lá vai comendo porco e fazendo “arruadas”. Não é fácil definir “arruada”. À primeira vista, elas parecem tentativas para atrair à força a atenção do povo. O chefe do partido chega, com a sua corte, a sua “segurança” e uma camioneta ou duas de militantes, a uma rua suficientemente frequentada e começa a falar a desconhecidos que estão ali a tratar da sua vida. Aparecem uns maluquinhos que abraçam ardorosamente o chefe do partido, porque gostam de abraçar celebridades e abraçariam Ronaldo com igual ardor. Não se retira nada desta lusitana (?) espécie de exercício: nem uma ideia, nem um voto, nem um tostão. Alguns zelosos patetas pensam que uma “boa arruada” demonstra “força”. Erro deles. Mas quem somos nós para pedir melhor? A farsa da política portuguesa não parava com certeza à porta da campanha.