Homem terá matado mulher e posto fogo à casa

Mulher foi encontrada pelos vizinhos caída, com uma meia de vidro na boca, dentro da casa a arder, em Paços de Ferreira

Foto
A casa incendiada Nelson Garrido

Ao final do dia de domingo, os vizinhos que tentaram socorrê-los logo de manhã ainda estavam na Travessa da Senhora da Fonte, na freguesia de Penamaior, em Paços de Ferreira. Incrédulos, de olhos postos na parede branca enegrecida pelo fumo, os vidros nas janelas do primeiro andar partidos pelo calor.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

Ao final do dia de domingo, os vizinhos que tentaram socorrê-los logo de manhã ainda estavam na Travessa da Senhora da Fonte, na freguesia de Penamaior, em Paços de Ferreira. Incrédulos, de olhos postos na parede branca enegrecida pelo fumo, os vidros nas janelas do primeiro andar partidos pelo calor.

O dia amanheceu igual a tantos outros. Quando foi ao portão buscar o pão, a vizinha da frente viu o marido de Maria José sair de casa. Decorridos uns 20 ou 30 minutos, ela e outros vizinhos aperceberam-se do cheiro a fumo. Pensaram que um incêndio acidental teria começado na garagem que servia para arrecadação. 

Dois homens precipitaram-se para a casa. Arrancaram a grade da janela do quarto do idoso, julgando-o incapaz de sair, já que caminha com dificuldade. Encontraram-no na parte de trás da casa, com alguns ferimentos, mas consciente. Perto dele estava Maria José, caída, amordaçada, ensanguentada.

Eram 9h02 quando o alerta soou no quartel dos Bombeiros Voluntários de Paços de Ferreira. Uma equipa correu para a ruela indicada. Tentaram em vão reanimar a antiga costureira, reformada depois de uma vida inteira na confecção, indústria comum na sub-região do Vale do Sousa e Baixo Tâmega. Levaram o sogro para as urgências do hospital mais próximo, o Padre Américo, em Penafiel.

Membros da Guarda Nacional Republicana e da Polícia Judiciária puseram-se à procura do suspeito, o marido, um marceneiro, de 60 anos. Não tardaram a encontrar o carro dele, mas ele não estava lá.

Não era segredo na aldeia que aquele casamento de quase 40 anos estava acabado. Dizem os vizinhos que Maria José queria divorciar-se e que entre ela e o marido havia discórdia por causa de dinheiro. Parte da tensão estaria relacionada com o facto de ser ela a cuidadora do sogro.

A violência verbal transbordava cá para fora – por Maria José falar sobre isso com os vizinhos e porque o marido punha a música no máximo, nesses momentos. Nos últimos tempos, a GNR teria ido àquela casa diversas vezes. Ainda há duas ou três semanas Maria José se queixara outra vez de violência doméstica e de ameaças de morte.  

A filha de ambos, Teresa, de 36 anos, olhava o marido, anestesiada pela dor. O filho, residente em Espanha, pusera-se a caminho.