Autocarro de refugiados apedrejado na Finlândia

Incidente racista foi condenado pelo Governo de Helsínquia

Foto
A Finlândia recebeu 13 mil pedidos de asilo desde o início do ano Markku Ulander/Lehtikuva/Reuters

Segundo a televisão finlandesa, que captou imagens do incidente, os manifestantes não seriam mais de 30 ou 40, e entre eles destacava-se um que envergava uma túnica e um capuz idênticos aos usados pelos supremacistas brancos americanos do Ku Klux Klan. Outros empenhavam bandeiras finlandesas e fogos-de-artifício – à passagem do autocarro, alguns foram lançados contra o veículo, atingido também por pedras.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

Segundo a televisão finlandesa, que captou imagens do incidente, os manifestantes não seriam mais de 30 ou 40, e entre eles destacava-se um que envergava uma túnica e um capuz idênticos aos usados pelos supremacistas brancos americanos do Ku Klux Klan. Outros empenhavam bandeiras finlandesas e fogos-de-artifício – à passagem do autocarro, alguns foram lançados contra o veículo, atingido também por pedras.

Em comunicado, o Governo finlandês repudiou “de forma veemente os protestos racistas da noite passada”, sublinhando que a “violência ou a intimidação são sempre condenáveis”.

Apesar de isolado, o incidente ilustra a hostilidade de uma fatia da população finlandesa face à actual crise de refugiados, muito semelhante à que se vive noutros países nórdicos como a DInamarca e Noruega onde, apesar da reputação de tolerância, ganham terreno os partidos nacionalistas e a sua retórica anti-islão e anti-imigração tem crescido. Um jornal dinamarquês publicou no início de Setembro a fotografia de um homem a cuspir contra um grupo de refugiados que passavam debaixo de uma ponte, na mesma altura em que o Governo de Copenhaga publicava anúncios nos jornais libaneses alertando para cortes nos apoios aos refugiados.

O primeiro-ministro finlandês tentou contrariar este sentimento, oferecendo-se para receber refugiados em sua casa, um gesto que o Partido Finlandeses, membro da actual coligação, definiu como “um presente de natal para os traficantes de seres humanos e refugiados”.

A Finlândia absteve-se, ainda assim, na votação do plano da Comissão Europeia para a distribuição dos 120 mil refugiados, ao abrigo do qual irá receber 2% desse total. Um número, ainda assim, muito inferior ao que o país está já a acolher: desde Janeiro 13 mil pessoas pediram asilo no país (em comparação com 3600 durante 2014) e recentemente cerca de 500 refugiados entram por dia no país através do círculo árctico vindos da Suécia, apesar da política de maior abertura de Estocolmo.