Addyi está autorizado mas não é um Viagra feminino

EUA autorizaram comprimido para a falta de desejo das mulheres, mas a empresa que o comercializa não fala na Europa.

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O comprimido cor-de-rosa é vendido com alertas de segurança por causa dos efeitos secundários REUTERS

Não se espere o mesmo efeito hidráulico, quase milagroso, que acontece com o Viagra nos homens. Para que uma mulher tenha vontade de ter relações sexuais, não basta fazer afluir sangue aos órgãos genitais, e não é esse o princípio de acção desta molécula, de nome flibanserina.

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Não se espere o mesmo efeito hidráulico, quase milagroso, que acontece com o Viagra nos homens. Para que uma mulher tenha vontade de ter relações sexuais, não basta fazer afluir sangue aos órgãos genitais, e não é esse o princípio de acção desta molécula, de nome flibanserina.

Para obter algum efeito, as mulheres terão de tomar o Addyi todos os dias, e não apenas antes do momento de ter relações sexuais, como acontece com o Viagra. O que faz é alterar a química cerebral, actuando sobre receptores de serotonina e da dopamina, de forma semelhante aos antidepressivos do tipo do Prozac.

A recompensa (se o medicamento funcionar) é mais uma relação sexual satisfatória por mês, em média, para as mulheres que não estavam a tomá-lo, segundo mostraram os ensaios clínicos.

Se as coisas correrem mal, e se se manifestarem os efeitos secundários que levam a FDA a exigir que o Addyi seja comercializado com um aviso, os sintomas podem ir desde descidas súbitas da tensão arterial, sono, e desmaios – sobretudo se for consumido álcool em conjunto com este medicamento.

A aprovação é polémica. Os críticos dizem que os benefícios que traz são demasiado pequenos, e que podem ser ultrapassados pelos males que pode causar. Não se sabe se a empresa que o comercializa, a Sprout, vai procurar obter autorização para vendê-lo noutros países.

O PÚBLICO tentou obter essa informação, tal como a Reuters, mas obteve uma resposta vaga. "A Sprout está empenhada em trabalhar juntamente com outros organismos de regulação fora dos EUA no futuro para pôr no mercado um tratamento eficaz para os milhões de mulheres em todo o mundo afectadas por falta de desejo sexual."