E se um livro prometesse pôr o seu filho a dormir em minutos e cumprisse a promessa?

Psicólogo sueco publica livro infantil que adormece os miúdos. É uma edição de autor que está a fazer história na Amazon do Reino Unido e que já ultrapassou em vendas o novo romance de Harper Lee.

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Escrito ainda em 2014, The Rabbit Who Wants to Fall Asleep, do psicólogo sueco Carl-Johan Forssén Ehrlin, da Universidade de Jönköping, ascendeu no Reino Unido ao topo da lista dos best sellers do gigante das livrarias online, a Amazon. Diz o autor que esta história do Coelho Roger (não é a primeira vez que ouvimos falar de um coelho com este nome) foi concebida com base em estratégias, comprovadas cientificamente, que garantem que a criança a quem for contada adormecerá em alguns minutos. Mas para isso, adverte, há que criar uma rotina, um ambiente tranquilo e seguir algumas regras, escreve o jornal britânico The Independent: a leitura deve ser feita devagar, metodicamente, e convém que os pais não se esqueçam de bocejar de vez em quando. Devem serenar ainda mais a voz quando encontram palavras em itálico a meio do texto, precisa Sarah Knapton, editora de Ciência do jornal The Telegraph, e embora o volume em capa mole contenha várias ilustrações, os miúdos são convidados apenas a ouvir. Noutras passagens, quem lê deve enfatizar certos termos ou até imitar alguns comportamentos das personagens.

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Escrito ainda em 2014, The Rabbit Who Wants to Fall Asleep, do psicólogo sueco Carl-Johan Forssén Ehrlin, da Universidade de Jönköping, ascendeu no Reino Unido ao topo da lista dos best sellers do gigante das livrarias online, a Amazon. Diz o autor que esta história do Coelho Roger (não é a primeira vez que ouvimos falar de um coelho com este nome) foi concebida com base em estratégias, comprovadas cientificamente, que garantem que a criança a quem for contada adormecerá em alguns minutos. Mas para isso, adverte, há que criar uma rotina, um ambiente tranquilo e seguir algumas regras, escreve o jornal britânico The Independent: a leitura deve ser feita devagar, metodicamente, e convém que os pais não se esqueçam de bocejar de vez em quando. Devem serenar ainda mais a voz quando encontram palavras em itálico a meio do texto, precisa Sarah Knapton, editora de Ciência do jornal The Telegraph, e embora o volume em capa mole contenha várias ilustrações, os miúdos são convidados apenas a ouvir. Noutras passagens, quem lê deve enfatizar certos termos ou até imitar alguns comportamentos das personagens.

A atitude ensonada dos pais, que as crianças tendem a imitar, associada a padrões de linguagem muito precisos ao longo das 26 páginas de The Rabbit Who Wants to Fall Asleep levam-nas a adormecer rapidamente, assegura o psicólogo comportamental sueco, que também tem formação em linguística.

Para conceber este livro-soporífero, Carl-Johan Forssén Ehrlin diz ter recorrido a “técnicas sofisticadas da psicologia”, capazes de ajudar a criança a relaxar e a ter um sono muito mais tranquilo. “A história sugere o sono ao inconsciente da criança”, refere no Independent, “é o equivalente verbal a embalar um bebé”, acrescenta no Telegraph.

Uma ideia num guardanapo
Foram precisos três anos e meio para que este autor, que já escreveu livros sobre liderança ou desenvolvimento pessoal, conseguisse chegar a uma história que lhe permitisse aplicar com eficácia uma série de estratégias que conhece bem na indução do sono em crianças. “Tive a ideia que fazer este livro numa longa viagem de carro em que a minha mãe adormeceu”, contou Forssén Ehrlin. “Quando parámos, tomei notas num guardanapo.” Para o psicólogo comportamental, o livro que agora faz sucesso “ajuda as crianças a concentrarem-se e a sentirem que fazem parte da história ao ponto de adormecerem com o coelho”. Uma história em que conhecem personagens como o Tio Bocejo, o Caracol Sonolento e a Coruja de Olhos Pesados (traduções livres).

A sua primeira “cobaia” foi o filho - Forssén Ehrlin fez uma gravação a ler o livro e começou a dar-lha a ouvir quando Leon estava ainda na barriga da mãe. Hoje usa essa mesma gravação na hora de o adormecer.  

A acreditar que as estratégias de que fala resultam mesmo – na Internet as opiniões dividem-se entre o que partilham o seu entusiasmo numa versão “cliente satisfeito” e os que dizem que os filhos se aborreceram com a história e até chegaram a perguntar por que razão os pais insistiam em bocejar durante a leitura – The Rabbit Who Wants to Fall Asleep pode vir a ser, para muita gente, uma espécie de passe de mágica.

É natural que haja cépticos e que esses cépticos perguntem, por exemplo, como se garante a eficácia dos padrões de linguagem quando se traduz o original para outros idiomas (há uma edição em português do Brasil, por exemplo), mas Alison Forrestal, da Amazon do Reino Unido, parece não estar entre eles. “Esta é a primeira vez que um autor independente chega ao primeiro lugar da nossa tabela de livros impressos, ultrapassando grandes lançamentos como Go Set a Watchman, de Harper Lee, e de The Girl On The Train, de Paula Hawkins. Como muitas famílias por todo o Reino Unido esperamos que venham aí mais livros.”

Carl-Johan Forssén Ehrlin, que está já a pensar em trabalhar noutro título que ensine as crianças a usar a casa-de-banho também com base em estratégias vindas do universo da psicologia, chegou, assim, ao topo da lista de vendas com aquilo que seria um verdadeiro pesadelo para qualquer autor – um livro que dá sono.

Notícia actualizada às 12h27 para acrescentar que há uma edição disponível em português do Brasil.