Mota Soares acredita que previsões do FMI são “engano"

FMI assinalou que Portugal pode demorar 20 anos a regressar aos níveis de desemprego pré-crise.

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Pedro Mota Soares contesta análise do FMI Rita Baleia/arquivo

“O FMI previa para 2014 um desemprego de cerca de 16%. Ficou abaixo dos 14. Previa para 2015 um desemprego de cerca de 15,3%, está neste momento dois pontos abaixo”, afirmou esta terça-feira Mota Soares .

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“O FMI previa para 2014 um desemprego de cerca de 16%. Ficou abaixo dos 14. Previa para 2015 um desemprego de cerca de 15,3%, está neste momento dois pontos abaixo”, afirmou esta terça-feira Mota Soares .

O ministro avalia que foi “graças à resiliência” dos trabalhadores e empregadores portugueses e às “reformas que foram feitas em concertação social” que foi possível uma “recuperação do emprego muito mais rápida do que o FMI estimava”.

O relatório do FMI prevê que, se não houver uma retoma com crescimento significativo, Portugal vai demorar duas décadas a reduzir a taxa natural de desemprego para os níveis registados antes da crise global de 2008.

“Eu estou convencido que o FMI se voltou a enganar” relativamente à “capacidade que a economia portuguesa vai ter nos próximos anos de crescer e de, crescendo, aumentar os empregos e reduzir o desemprego”, acrescentou Mota Soares.

Numa entrevista ao Jornal de Negócios em Novembro de 2014, o chefe de missão do FMI em Portugal, Subir Lall, dizia que “ninguém ainda percebeu muito bem como é que a taxa de desemprego está a baixar”. O responsável demonstrava satisfação pela queda da taxa do desemprego nos últimos trimestres, mas apontava para a necessidade de se perceber o fenómeno para que se pudesse tirar conclusões.

Poucos meses depois, no primeiro relatório efectuado desde que a troika tinha saído do país, o FMI avaliava que a lenta retoma registada por Portugal não é suficiente para criar os empregos de que o país precisa. A consequência seria a saída para o estrangeiro dos mais qualificados e a permanência em Portugal de mão-de-obra mais desajustada às necessidades do país.

No documento publicado em Janeiro, o FMI considerava que, olhando apenas para a taxa de desemprego, não era possível captar totalmente a realidade. Aos números oficiais, o fundo somava os trabalhadores desencorajados - “que aumentaram de forma drástica durante a crise” – e os que, estando empregados, trabalham menos horas do que gostariam. Esta contabilidade posicionava o desemprego, num sentido mais lato do que o oficialmente usado pelo INE, em 20,5% no terceiro trimestre de 2014 (o indicador tradicional do INE apontava para 13,1%).

No documento publicado na segunda-feira sobre a situação da zona euro, o fundo refere-se à taxa natural de desemprego, equivalente à NAIRU (acrónimo para Non-Accelerating Inflation Rate of Unemployment), um conceito de taxa de desemprego que está associada a uma taxa de inflação estável.