Carneiro e Pizarro desentendem-se e criam mais um problema a Costa

Entrada de Joana Lima, ex-presidente da Câmara da Trofa, na lista de deputados abre guerra entre Costa e Seguro. Distrital esteve reunida ontem à noite para aprovação dos candidatos.

Foto
A distrital do Porto não chegou ontem a acordo sobre a lista Nélson Garrido

“Carneiro e Pizarro estão a medir forças e o resultado deste braço-de-ferro é que o Porto vai ter uma lista com pouca qualidade”, insurgiu-se um ex-dirigente socialista. Uma outra fonte disse ao PÚBLICO que os dois entraram em rota de colisão por causa dos nomes a constar na lista e que a direcção nacional estava “muito preocupada”.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

“Carneiro e Pizarro estão a medir forças e o resultado deste braço-de-ferro é que o Porto vai ter uma lista com pouca qualidade”, insurgiu-se um ex-dirigente socialista. Uma outra fonte disse ao PÚBLICO que os dois entraram em rota de colisão por causa dos nomes a constar na lista e que a direcção nacional estava “muito preocupada”.

As divergências entre José Luís Carneiro (que esteve com António José Seguro na disputa interna das primárias), e Manuel Pizarro (apoiante desde a primeira hora do secretário-geral), aconteceram durante uma reunião, que antecedeu a aprovação da lista pela comissão política distrital do PS-Porto, que decorria à hora do fecho desta edição. Mas o mal-estar começara, anteontem, numa reunião, que decorreu, em Vila do Conde, e em que participaram, para além de José Luís Carneiro e de Manuel Pizarro, Mário de Almeida e Renato Sampaio.

Nesta reunião, Mário de Almeida, presidente da mesa da comissão política distrital do PS-Porto, fez saber que discordava que Joana Lima, ex-presidente da Câmara da Trofa, integrasse a lista e lamentou que o “partido queira premiar aqueles que dão derrotas ao PS”, tentando demover Carneiro de a incluir na lista. Escolha pessoal do presidente da federação, a ex-autarca estava acusada de adjudicar serviços a familiares e amigos, mas há uma semana foi absolvida pelo Tribunal de Matosinhos, não tendo ficado provado que tenha tido intervenção directa na contratação.

O facto de Joana Lima ter perdido para o PSD a câmara nas últimas autárquicas foi invocado por Mário de Almeida para impedir que a ex-autarca entre na lista. Sucede que Teresa Fernandes, líder do Departamento Federativo das Mulheres Socialistas do Porto, também vai integrar a lista do Porto, também pela quota de Carneiro. Relatos feitos ao PÚBLICO dão conta que Mário de Almeida “foi muito duro” com o presidente da federação e disse não entender “por que é que a Trofa, que sofreu uma pesada derrota eleitoral”, mete duas mulheres.

Tal como o Porto, a distrital de Lisboa também reuniu ontem aprovar a lista, que é encabeçada por António Costa. Para além de Helena Roseta, João Soares, Miranda Calha, Mário Centeno, Rui Riso e Álvaro Beleza, que entram pela quota do secretário-geral, fazem parte da lista Ferro Rodrigues, Marcos Perestrello, Sérgio Sousa Pinto, Maria da Luz Rosinha e Graça Fonseca, entre outros.

Em Setúbal, uma das surpresas é Paulo Trigo Pereira, que trabalhou com Mário Centeno no documento dos 12 economistas, e que entra pela quota de Costa. Eduardo Cabrita e Catarina Marcelino integram de novo a lista. Porfírio Silva entra por Aveiro.

A direcção do PS mostra alguma incomodidade pelo facto do número dois da lista por Santarém, o deputado e líder da distrital, António Gameiro, ter sido condenado por ter ficado com 45 mil euros da venda de um apertamento (em Leiria) de uma emigrante na Austrália, da qual era advogado. Gameiro foi condenado pela juíza da Instância Cível do Tribunal de Santarém a entregar o valor do imóvel mais juros. O deputado recorreu para o Tribunal da Relação de Évora e aguarda pela decisão.

Maria do Rosário Gama fora das listas
A ex-professora e fundadora da Associação APRe!, Maria do Rosário Gama, diz que não está disponível para ser deputada e que o seu compromisso é com a associação de aposentados, pensionistas e reformados da qual é presidente. “Sou militante do PS, mas não quero ser deputada”, afirma.

Em declarações ao PÚBLICO, Maria do Rosário Gama revela que ninguém da direcção do PS lhe telefonou a convidá-la para integrar a lista de candidatos a deputados por Coimbra, encabeçada por Helena Freitas, vice-reitora da Universidade de Coimbra, mas se isso tivesse acontecido também não teria aceite.

O nome da fundadora da APRe!, que na convenção nacional do PS foi a única militante a votar contra as propostas socialistas de corte na TSU (Taxa Social Única) e uso de capital do fundo de estabilização da Segurança Social para investir na reabilitação urbana, foi avançado anteontem ao PÚBLICO por uma fonte da direcção nacional para integrar a lista por Coimbra.

Membro da Comissão Política Nacional do partido, a socialista garante que em todos os contactos que tem mantido com figuras do partido “sempre disse que estava indisponível” para aceitar qualquer cargo, porque se assumisse “seria muito mau para a APRe!”. “Estou na Comissão Política Nacional do PS para defesa dos direitos dos reformados”, assume. E para deixar bem clara a sua posição, a antiga professora da Escola Infante D. Maria, de Coimbra, revela que enviou ontem uma mensagem ao secretário-geral, dizendo que ficou surpreendida com a notícia que a dava como disponível para liderar a lista.