Já falta pouco para o encontro da sonda New Horizons com Plutão

A sonda da NASA está a aproximar-se muito depressa do planeta-anão, que surge agora inesperadamente pintalgado e algo maior do que se esperava.

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Transmitida via Web a partir do centro de controlo da missão, na Universidade Johns Hopkins (EUA), o evento destinava-se a dar pormenores sobre o que a sonda irá fazer nas próximas 24 horas – se tudo correr com previsto –, durante e logo após a sua passagem a apenas 12.500 quilómetros de distância de Plutão, nos confins do nosso sistema solar.

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Transmitida via Web a partir do centro de controlo da missão, na Universidade Johns Hopkins (EUA), o evento destinava-se a dar pormenores sobre o que a sonda irá fazer nas próximas 24 horas – se tudo correr com previsto –, durante e logo após a sua passagem a apenas 12.500 quilómetros de distância de Plutão, nos confins do nosso sistema solar.

A New Horizons foi lançada em Janeiro de 2006 e foram precisos nove anos e meio para que, após uma viagem de 4800 milhões de quilómetros, atingisse aquele que já foi o nono planeta do sistema solar, mas que perdeu este estatuto em 2006 (ironicamente, pouco depois do lançamento da sonda), tendo sido despromovido de planeta “clássico” a "planeta-anão".

Pensa-se que Plutão e os seus “irmãos” da Cintura de Kuiper, uma zona cheia de asteróides para lá de Neptuno descoberta em 1992, sejam “os restos fósseis da formação do sistema solar”, como explicou pelo seu lado John Grunsfeld, antigo astronauta da NASA. Daí que Plutão e toda a sua envolvente sejam vistos como uma chave para perceber a formação do sistema solar – sem esquecer que este é o único planeta clássico a não ter sido ainda visitado por uma sonda.

“Nas últimas 48 horas”, disse ainda Stern, "já fizemos várias descobertas: detectámos azoto a escapar da atmosfera de Plutão, confirmámos que a calota polar norte é efectivamente composta por gelo (de metano e de azoto) – e também que, com um raio de 1185 quilómetros, Plutão é um bocadinho maior do que esperávamos." O que pode significar, entre outras coisas, que é menos denso do que se pensava.

A estas novidades é preciso acrescentar a mais recente imagem enviada pela sonda, no fim-de-semana, que revela, na zona equatorial do astro, a presença de grandes manchas escuras, situadas a intervalos regulares. Ainda é muito cedo, dizem os cientistas, para saber o que são essas estruturas.

Mas é nas próximas 24 horas que tudo se vai jogar. Mais precisamente, a New Horizons vai ter a sua única oportunidade de atingir uma resolução espectacular na sua observação de Plutão. “A resolução, que é actualmente de 15 quilómetros por pixel, vai passar a menos de 100 metros por pixel”, fez notar Stern.

A sonda, que pesa cerca de meia tonelada – e que Glen Fountain, responsável pelo projecto, descreveu como “um piano de cauda com uma saladeira pousada em cima dele” (a antena parabólica) –, leva a bordo sete instrumentos científicos para estudar a geologia e geomorfologia de Plutão, do seu pequeno companheiro Caronte (que forma com ele um sistema planetário binário) e de duas outras luas naturais de Plutão. Mas acontece que não pode virar a sua antena (fixa) para a Terra e ao mesmo recolher imagens e dados. Portanto, durante a sua observação destes corpos, à vertiginosa velocidade 49.600 km/h, a sonda vai estar a focar-se neles e nada mais. E quando, no fim, retomar contacto com a Terra, o seu sinal ainda demorará quatro horas e meia a chegar até nós.

Isso quer dizer que a sonda, que está actualmente em piloto-automático, deverá permanecer silenciosa até à madrugada de quarta-feira (hora de Lisboa), altura em que o centro de controlo deverá receber o primeiro sinal vindo dela. “Claro que vamos começar a celebrar na terça-feira pouco antes das 8h da manhã (13h em Lisboa), porque será nessa altura que a New Horizons estará à sua distância mínima de Plutão”, disse Stern. “Mas só à noite poderemos respirar de alívio e celebrar em cheio, porque existe sempre um risco de que a sonda seja atingida por partículas de poeira nessa zona. Porém, isso não me tira o sono: esse risco é muito pequeno.” Uma vez terminada esta missão, ainda serão precisos 16 meses para enviar para a Terra a totalidade dos dados recolhidos.

A New Horizons "vai efectuar uma dança”, explicou Cathy Olkin, outra responsável pela missão, "olhando para cada objecto". E a seguir, vai virar as suas câmaras em direcção a Plutão e Caronte, olhando para trás à medida que se afasta deles, para ver o Sol pôr-se e a nascer por detrás destes dois corpos. O facto de assim visualizar as silhuetas de Plutão e Caronte como dois arcos de luz deverá permitir estudar as suas respectivas atmosferas. Pensa-se que Caronte não tem atmosfera, mas é possível que assim não seja. Após esta aproximação histórica, a New Horizons rumará para as profundezas da Cintura de Kuiper.