GNR abriu inquérito por causa do gato de Mourão, que afinal não morreu queimado

População garante que o gato está bem e que “só queimou um bocadinho o pêlo”.

i-video

Ao PÚBLICO, fonte da GNR de Bragança confirmou que já estiveram militares na aldeia a “recolher indícios” depois de o caso ter causado grande indignação na internet.

A situação foi denunciada pelo Grupo Gatos Urbanos, que também anunciou que vai avançar com uma queixa-crime no Departamento de Investigação e Acção Penal (DIAP) para levar à justiça os responsáveis e cúmplices e para que esta bárbara e vergonhosa prática não se repita mais”.

Ao PÚBLICO, alguns habitantes locais, que preferem manter o anonimato, garantem que esta é uma tradição “de há muitos anos” e que o gato “está bem e não morreu”.

O S. João de Mourão é uma festa conhecida na região, que “junta mais alguma gente do que a de outras aldeias, mas não mais de 200 pessoas”, diz um habitante de Vila Flor.

Na noite de S. João, a população prende um gato numa bilha de barro e pendura-a num poste, deitando, posteriormente, fogo ao fio que prende a bilha. “Com o fogo, a bilha cai lá do alto, parte-se e o gato vai à sua vida”, explica outro habitante, frisando que “a ideia não é que o gato morra”. “Desta vez é que correu mal, pois o fio demorou mais tempo a arder e o gato acabou por sair um pouco chamuscado. Mas não morreu”, sublinha.

O que é certo é que a divulgação do vídeo provocou uma onde de indignação, que levou, também, à criação de uma petição pública para “criar um movimento de denúncia e pôr termo à tradição” de Mourão da queima do gato, explicou Fátima Pimparel, advogada, natural de Mirandela.

Esta sexta-feira à tarde, já tinham subscrito a petição 6905 pessoas.

À Lusa, Aida Alves, uma outra habitante da aldeia, com 80 anos, reconheceu que nesta festa o animal “queimou um bocadinho o pêlo”, acrescentando que “a dona foi buscá-lo, tratou-o e está bem”. “Já cá veio a Guarda e já o viu”, sublinhou.

Actualmente, os maus-tratos a animais são considerados crime, com uma moldura penal de até um ano de prisão ou uma multa até 120 dias. No caso de os maus-tratos provocarem a morte do animal, essa moldura penal duplica para os dois anos ou 240 dias de multa.

Mourão é a única aldeia do distrito de Bragança onde se faz a queima do gato e, segundo conta a população, “nunca houve problema até agora”.

Certo é que a tradição foi suspensa em 2008 e só há poucos anos foi retomada.

Entretanto, e face ao número de denúncias, o grupo parlamentar do PS entregou uma pergunta na Assembleia da República dirigida à ministra da Administração Interna a exigir “diligências judiciais sobre maus-tratos a animais”.

Cinco deputados socialistas subscrevem o documento, considerando que as imagens “são chocantes” e que o animal “expressa grande sofrimento”, pelo que pretendem saber “se as forças da autoridade competentes têm conhecimento desta matéria” e “quais os procedimentos efectuados”.

A pergunta é subscrita por Manuel Mota, Rosa Albernaz, António Cardoso, Glória Araújo e Catarina Marcelino.

 
 

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Ao PÚBLICO, fonte da GNR de Bragança confirmou que já estiveram militares na aldeia a “recolher indícios” depois de o caso ter causado grande indignação na internet.

A situação foi denunciada pelo Grupo Gatos Urbanos, que também anunciou que vai avançar com uma queixa-crime no Departamento de Investigação e Acção Penal (DIAP) para levar à justiça os responsáveis e cúmplices e para que esta bárbara e vergonhosa prática não se repita mais”.

Ao PÚBLICO, alguns habitantes locais, que preferem manter o anonimato, garantem que esta é uma tradição “de há muitos anos” e que o gato “está bem e não morreu”.

O S. João de Mourão é uma festa conhecida na região, que “junta mais alguma gente do que a de outras aldeias, mas não mais de 200 pessoas”, diz um habitante de Vila Flor.

Na noite de S. João, a população prende um gato numa bilha de barro e pendura-a num poste, deitando, posteriormente, fogo ao fio que prende a bilha. “Com o fogo, a bilha cai lá do alto, parte-se e o gato vai à sua vida”, explica outro habitante, frisando que “a ideia não é que o gato morra”. “Desta vez é que correu mal, pois o fio demorou mais tempo a arder e o gato acabou por sair um pouco chamuscado. Mas não morreu”, sublinha.

O que é certo é que a divulgação do vídeo provocou uma onde de indignação, que levou, também, à criação de uma petição pública para “criar um movimento de denúncia e pôr termo à tradição” de Mourão da queima do gato, explicou Fátima Pimparel, advogada, natural de Mirandela.

Esta sexta-feira à tarde, já tinham subscrito a petição 6905 pessoas.

À Lusa, Aida Alves, uma outra habitante da aldeia, com 80 anos, reconheceu que nesta festa o animal “queimou um bocadinho o pêlo”, acrescentando que “a dona foi buscá-lo, tratou-o e está bem”. “Já cá veio a Guarda e já o viu”, sublinhou.

Actualmente, os maus-tratos a animais são considerados crime, com uma moldura penal de até um ano de prisão ou uma multa até 120 dias. No caso de os maus-tratos provocarem a morte do animal, essa moldura penal duplica para os dois anos ou 240 dias de multa.

Mourão é a única aldeia do distrito de Bragança onde se faz a queima do gato e, segundo conta a população, “nunca houve problema até agora”.

Certo é que a tradição foi suspensa em 2008 e só há poucos anos foi retomada.

Entretanto, e face ao número de denúncias, o grupo parlamentar do PS entregou uma pergunta na Assembleia da República dirigida à ministra da Administração Interna a exigir “diligências judiciais sobre maus-tratos a animais”.

Cinco deputados socialistas subscrevem o documento, considerando que as imagens “são chocantes” e que o animal “expressa grande sofrimento”, pelo que pretendem saber “se as forças da autoridade competentes têm conhecimento desta matéria” e “quais os procedimentos efectuados”.

A pergunta é subscrita por Manuel Mota, Rosa Albernaz, António Cardoso, Glória Araújo e Catarina Marcelino.