2014 será lembrado como o ano das atrocidades dos grupos islamistas

Departamento de Estado divulga relatório anual sobre o estado dos direitos humanos no mundo.

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Abubakar Shekau, líder dos Boko Haram, no vídeo colocado na Internet AFP

“Recordar-nos-emos do ano 2014 como o ano das atrocidades cometidas por actores não estatais. A brutalidade destas agentes é uma das tendências notáveis” do relatório, escreveu o secretário de Estado John Kerry no prefácio do documento, citado pela AFP

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“Recordar-nos-emos do ano 2014 como o ano das atrocidades cometidas por actores não estatais. A brutalidade destas agentes é uma das tendências notáveis” do relatório, escreveu o secretário de Estado John Kerry no prefácio do documento, citado pela AFP

Os grupos radicais islamistas "não só não respeitam os direitos humanos como não têm qualquer respeito pela vida humana. Ponto final. Vimos grupos como o Estado Islâmico a queimar seres humanos vivos, decapitar prisioneiros de uma forma bárbara, reduzir raparigas à escravatura e a executar inocentes”, escreve Kerry no prefácio do relatório, que este ano é tornado público com quatro meses de atraso em relação ao que acontece habitualmente.

Apesar de os Estados Unidos estarem à beira de assinar um acordo histórico com o Irão sobre o programa nuclear iraniano, o relatório anual do Departamento de Estado sobre os direitos humanos no mundo salienta “as graves restrições às liberdades individuais” que se continuam a verificar na República Islâmica. 

“Sempre fizemos questão que fosse absolutamente claro seriam dois assuntos separados”, explicou o secretário de Estado adjunto para a Democracia, Direitos Humanos e Trabalho, Tom Malinowski, que fez a apresentação do relatório – John Kerry ainda está a recuperar da cirurgia a que foi obrigado a submeter-se depois de ter caído da bicicleta em que se estava a exercitar, nos Alpes franceses.

O relatório do Departamento de Estado, relativo ao ano de 2014, sublinha que as “liberdades de reunião, de expressão, de religião e de imprensa” no Irão continuam a ser limitadas. Mas falam também das limitações da liberdade de expressão na Turquia, em Cuba – país com que estão no meio de um degelo histórico – ou da corrupção na Venezuela, que envolve figuras altas da governação, contra as quais os Estados Unidos recentemente impuseram sanções económicas.

A Rússia, e a perseguição do Estado contra as organizações não-governamentais, tanto nacionais como estrangeiras, é também salientada no relatório norte-americano.

Segundo Malinowski, não há nenhum motivo em especial para o atraso de quatro meses na publicação do relatório – apenas a agenda agitada do secretário de Estado John Kerry, e a dele também, que recentemente foi ao Burundi, para se informar pessoalmente do que se passava naquele país africano em que a violência despontou depois de o Presidente anunciar que pretendia recandidatar-se, apesar de a Constituição não o permitir.