Da janela de Nuno Teotónio Pereira

Livraria A+A desvenda em Lisboa trabalhos de fotografia do arquitecto.

Fotogaleria

A Minha Janela é o título desta exposição de fotografias de Nuno Teotónio Pereira, 93 anos, que é inaugurada esta segunda-feira, às 19h, na sede da OA (Travessa do Carvalho, 25). Maria Melo, sócia-fundadora da A+A e comissária da exposição, diz que ela é “um tributo à dimensão artística mas também humana” do arquitecto, e também a concretização de um projecto que acalentava desde há vários anos.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

A Minha Janela é o título desta exposição de fotografias de Nuno Teotónio Pereira, 93 anos, que é inaugurada esta segunda-feira, às 19h, na sede da OA (Travessa do Carvalho, 25). Maria Melo, sócia-fundadora da A+A e comissária da exposição, diz que ela é “um tributo à dimensão artística mas também humana” do arquitecto, e também a concretização de um projecto que acalentava desde há vários anos.

A comissária explica que Nuno Teotónio Pereira sempre teve o hábito de fotografar as suas obras de arquitectura: “registava-as a preto-e-branco, durante a construção, e, no final, fotografava-as a cores”, diz Maria Melo, recordando que algumas dessas imagens foram publicadas no volume inaugural da Colecção Single que a A+A lançou em 2009, uma monografia dedicada precisamente a uma das obras fundamentais de Nuno Teotónio Pereira (em parceria com Bartolomeu Costa Cabral), o Bloco das Águas Livres, em Lisboa – um projecto de 1953, entretanto já classificado como Monumento de Interesse Cultural.

As sete fotografias – em grande formato (100 x 70 cm) – que agora são mostradas em A Minha Janela não provêm, contudo, desse acervo de imagens de arquitectura. São instantâneos feitos em casa do próprio Nuno Teotónio Pereira, em 1977, com o objectivo de integrar o catálogo da exposição que a sua mulher, a artista plástica Irene Buarque, então apresentou na galeria Quadrum, em Lisboa, sobre o tema da janela. “Para além da sua grande qualidade estética, estas fotografias são também uma atitude de generosidade e de amor do arquitecto pela sua mulher”, diz Maria Melo, acrescentando que Teotónio Pereira – mesmo se o seu estado de saúde deverá impedi-lo de estar presente na inauguração – “está excitadíssimo” com a exposição.

A Minha Janela é acompanhado por um desdobrável que contém um texto – Elogio da sombra – de José Manuel dos Santos, da Fundação EDP (entidade que apoia a realização da exposição).

“Uma janela põe-nos rente ao mundo. Abre, liga, dá a ver, faz ver. Aqui, a janela que dá a ver é a janela que é dada a ver. Com um olhar do fotógrafo, é arrancada da parede, é atirada contra a luz, anoitecida, singularizada”, escreve o autor, acrescentando que “só um arquitecto olha uma janela com estes olhos rigorosos e só uma janela pode dar a um fotógrafo estas imagens vagarosas”. E José Manuel dos Santos nota ainda que “o fotógrafo Nuno Teotónio Pereira e o arquitecto Nuno Teotónio Pereira encontram-se aqui, na lenta aproximação às coisas, na melancolia da matéria, no acender da sombra, no olhar que percorre a solidão, na espera da esperança que toda a arte é, na certeira certeza que toda a técnica tem”.

Uma segunda iniciativa do programa do 20º aniversário da Livraria A+A será, no próximo dia 25 de Junho, a apresentação de uma serigrafia que mostra a diversidade e capacidade criativa de outro arquitecto, Manuel Aires Mateus. Depois de ter editado serigrafias de Álvaro Siza e Souto de Moura, Maria Melo lança agora uma segunda serigrafia de Aires Mateus. “Estes, como outros grandes arquitectos da história, arriscam em expressar-se noutras artes que estão em volta da arquitectura, sempre à procura do novo”, justifica a livreira da A+A.
 

Texto corrigido com referência ao facto de a actividade de Nuno Teotónio Pereira ser pouco conhecida do público em geral, mesmo se tem já uma longa história, paralela à sua actividade de arquitecto