Todos de pé

De pé, a plateia mal deixou respirar o último tempo e foi quase ainda com a música a soar que irrompeu em entusiasta ovação.

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Antecedidas pela Passacaglia do mesmo compositor, as Sete Canções de Juventude de Alban Berg preencheram a primeira parte do concerto, deixando a velha sensação tantalizante das interpretações em que nada corre mal, mas não se chega a alcançar o brilho que faz de um momento musical algo memorável. Apesar da sua voz não ser a que mais apetece escutar no contexto da versão orquestral desta obra, Eduarda Melo esteve bem.

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Antecedidas pela Passacaglia do mesmo compositor, as Sete Canções de Juventude de Alban Berg preencheram a primeira parte do concerto, deixando a velha sensação tantalizante das interpretações em que nada corre mal, mas não se chega a alcançar o brilho que faz de um momento musical algo memorável. Apesar da sua voz não ser a que mais apetece escutar no contexto da versão orquestral desta obra, Eduarda Melo esteve bem.

No universo das sinfonias de Mahler, os apontamentos camarísticos representam um dos aspectos mais críticos da interpretação, em que facilmente tudo se ganha ou se perde. No Allegro inicial, um quase generalizado receio, um clarinete um pouco baixo e novamente a ausência daquele pedacinho indizível de brilho que transforma uma boa interpretação em algo de sublime deixaram uma sensação ligeiramente desconfortável, contrariando a ideia muito clara que Olari Elts tentava imprimir na execução.

Já no Andante (segundo andamento), a orquestra mostrou-se um pouco mais segura, não obstante a ocorrência de algumas precipitações de um ou outro instrumento, eventualmente motivadas por uma direcção mais preocupada com a construção e a expressividade do que com o facto dos músicos saberem ou não contar com precisão. Nota muito positiva para um solo de trompa, com um belo pianíssimo perfeitamente encaixado na intenção implícita. Nota positiva também para alguns momentos dos violinos no decorrer deste andamento, particularmente um final de frase muito síncrono e expressivo, em pianíssimo. Mais síncrona do que a do segundo andamento mostrou-se a filigrana do Scherzo, com o naipe de percussão bastante em forma.  

Não tendo começado de modo impressionante, o Allegro final acabava por certificar a OSPCdM como apta maratonista e, salvaguardados os pequenos detalhes atrás enunciados, Olari Elts conseguiu com ela exprimir uma leitura muito clara, solidamente alicerçada no equilíbrio, oscilando com elegância entre quadros expressivos diversos.

De pé, a plateia mal deixou respirar o último tempo e foi quase ainda com a música a soar que irrompeu em entusiasta ovação.