Há um Brasil que quer beber mais Portugal

Sim, nos Vinhos de Portugal no Rio é tudo à volta do vinho. Mas, por isso mesmo, é também com muita conversa sobre tudo, num reencontro contínuo entre Portugal e Brasil.

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Vera Moutinho

Durante três dias, tive a oportunidade de acompanhar a par e passo o evento Vinhos de Portugal no Rio, visitado e provado por cerca de dez mil pessoas interessadas em descobrir tudo o que podiam sobre o novo (e o velho...) vinho português. Mas não só. Vinho é cultura e, no caso luso, o vinho, definitivamente, é um país. Logo, a graça deste segundo evento carioca dedicado aos melhores néctares portugueses não passa apenas por uma espécie de feira, muito pelo contrário, já que é muito mais que isso. Passa, particularmente, por um reencontro entre os dois países, entre tempos e espaços, por deixarmos estereótipos de lado enquanto conversamos — sobre vinhos, gastronomias, viagens e tudo o mais — e passarmos a compreender melhor como somos hoje, para lá de toda a história que nos une.

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Durante três dias, tive a oportunidade de acompanhar a par e passo o evento Vinhos de Portugal no Rio, visitado e provado por cerca de dez mil pessoas interessadas em descobrir tudo o que podiam sobre o novo (e o velho...) vinho português. Mas não só. Vinho é cultura e, no caso luso, o vinho, definitivamente, é um país. Logo, a graça deste segundo evento carioca dedicado aos melhores néctares portugueses não passa apenas por uma espécie de feira, muito pelo contrário, já que é muito mais que isso. Passa, particularmente, por um reencontro entre os dois países, entre tempos e espaços, por deixarmos estereótipos de lado enquanto conversamos — sobre vinhos, gastronomias, viagens e tudo o mais — e passarmos a compreender melhor como somos hoje, para lá de toda a história que nos une.

É certo que aqui estou a jogar em casa, já que é um evento co-produzido pelo PÚBLICO, em parceria com o jornal O Globo, mas nesta opinião garanto que nem entra em campo esse detalhe. Até porque foi a primeira vez que participei, como uma espécie de anfitrião da Fugas, nesta festa e, depois de conversar com milhares de pessoas sobre Portugal e sobre o que estávamos ali a fazer, confesso que fiquei mais do que conquistado pela curiosidade brasileira.

Foi realmente extraordinário ver tanta gente deslumbrada com as obras únicas que pequenos e grandes produtores de Portugal conseguem criar. Mas, lá está, também com os diálogos contínuos e directos entre os visitantes e os representantes portugueses — incluindo não só quem produz e distribui o vinho de Portugal mas também especialistas da Fugas ou d’ O Globo e não só. 

Num Rio à parte, no belíssimo e verdejante espaço do Jockey Club Brasileiro — o Hipódromo da Gávea, com quase 90 anos —, recebemos no lounge da Fugas e Público, de sexta a domingo, uma verdadeira multidão com muitas perguntas para fazer, boa parte dela a querer saber mais do país em geral, boa parte a planear férias no outro lado do Atlântico e a querer informações muito precisas. Verdade seja dita que tínhamos, pelo menos, duas atracções especialíssimas: um saco de pano chancela PÚBLICO com um design original que o tornou o objecto mais desejado do evento e um guia de enoturismo criado pela Fugas para oferecer aos visitantes (com sorte, ainda chega a Portugal...). Não faltaram mesmo visitas particularmente especiais ao nosso cantinho e, entre tantas, destaco só a de Adriana Calcanhotto, por um motivo prático: Adriana deu-nos uma lição sobre uma outra maneira de apreciar o vinho; como não o bebe, a cantora saboreia-o através dos aromas. É o verdadeiro nariz do vinho.  

Ao longo dos dias, as perguntas dos visitantes do lounge ora surpreendiam, ora encantavam. Houve de tudo nestas conversas, entre gente que sabia quase mais do que nós e gente que desconhecia por completo a Terrinha (apodo carinhoso que, tanto tempo depois, parece ainda identificar Portugal). “O que é que Portugal tem de bom?”. “Quanto tempo leva a percorrer todo o país?”. “Vale mesmo a pena o Douro?”. “E esses vinhos verdes de que tanto se fala?”. “O que há no Alentejo?”. “Como se chama em Lisboa aquele castelo de Belém?”. Já se sabe que o vinho é uma bênção para as conversas e, definitivamente, saímos do Rio com muitos novos amigos e leitores.

E, numa próxima visita à cidade maravilhosa, não se admire se vir muita e boa gente a passear a sua sacola de estimação, onde se lê “Vamos beber Portugal”. Quer-me parecer que é já peça de culto e um bom sinal de que o Brasil quer mesmo beber mais do país-irmão