Países bálticos querem presença militar permanente da NATO

Estónia, Letónia e Lituânia vão escrever ao comando da Aliança Atlântica a pedir uma brigada da Aliança Atlântica - pelo menos 3000 soldados - para se defenderem de avanços da Rússia.

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Exercício "Hedgehog 2015" da NATO que está a realizar na Estónia Ints Kalnins/REUTERS

O pedido da Estónia, Letónia e Lituânia não foi feito na cimeira de Antalya, no Sul da Turquia. Foi anunciado pelos ministérios da Defesa destes países, que faziam parte da União Soviética até 1990 e onde vivem ainda minorias de origem russa significativas. “A presença permanente das forças da NATO é desejada como medida de dissuasão, tendo em conta a situação de segurança na região”, disse à AFP um porta-voz militar lituano, o capitão Mindaugas Neimontas.

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O pedido da Estónia, Letónia e Lituânia não foi feito na cimeira de Antalya, no Sul da Turquia. Foi anunciado pelos ministérios da Defesa destes países, que faziam parte da União Soviética até 1990 e onde vivem ainda minorias de origem russa significativas. “A presença permanente das forças da NATO é desejada como medida de dissuasão, tendo em conta a situação de segurança na região”, disse à AFP um porta-voz militar lituano, o capitão Mindaugas Neimontas.

“Desejamos ter uma unidade da dimensão de uma brigada [cerca de 3000 soldados] para que cada país báltico possa ter um batalhão [até mil militares]”, explicou o capitão Neimontas. O pedido conjunto dos chefes dos estados-maiores das Forças Armadas de Vilnius, Riga e Talin será feito ao comandante militar da NATO, o general Philip Breedlove, por carta, na semana que vem.

Em Antalya, no entanto, o anúncio desta intenção causou desconforto. Embora o conflito na Ucrânia tenha feito aumentar a actividade militar russa junto de vários países europeus tenha aumentado de forma muito significativa nos últimos meses – houve até aviões russos a rasar o espaço português –, nunca a Aliança Atlântica cruzou a linha vermelha que seria instalar bases permanentes nos três países bálticos ou na Polónia.

Moscovo veria a aproximação às suas fronteiras como um acto hostil, considerando-o contrário ao Acto Fundador assinado pela NATO e pela Rússia em 1997.

Por isso, o secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, não se mostrou muito entusiasmado.  “Todas as cartas serão cuidadosamente avaliadas”, afirmou. “Mas já aumentámos a nossa presença militar na parte oriental da Aliança”, acrescentou, recordando que os países da Aliança enviaram mais caças para assegurar as missões de vigilância aérea no Báltico após o início da crise ucraniana, e que a presença naval da NATO nos mares Negro e Báltico foi também aumentada. Além disso, está a ser montada uma força reactiva, que a partir de 2016 será capaz de se deslocar em 48 horas para um cenário de crise, lembrou.

 “Estamos a proceder ao maior reforço da nossa defesa colectiva jamais feito desde o fim da Guerra-fria”, insistiu Stoltenberg, citado pela AFP.

A prioridade da NATO por ora parece ser investir contra a faceta de propaganda da “guerra híbrida”, técnicas não convencionais que incluem ciberataques, guerra de informação e milícias irregulares, em relação às quais os países ocidentais se viram desarmados.

Os “homenzinhos verdes” que se infiltraram na Crimeia e na verdade eram tropas russas sem insígnias que os identificassem, e que permitiram a Moscovo assumir o controlo para depois anexar este pedaço da Ucrânia, são um exemplo dessas técnicas. E toda a Ucrânia tem sido alvo de uma mais vasta campanha diplomática, militar, económica e de pura propaganda, afirma o general Breedlove, comandante militar da NATO.

A Aliança Atlântica e a União Europeia têm estudado como responder a esta forma de “guerra híbrida”, em especial nos países bálticos, com as suas consideráveis minorias de cidadãos cuja primeira língua é o russo. A Alta Representante da União Europeia para a Política Externa explicou na Turquia que a UE está a trabalhar numa resposta que poderá incluir programas de televisão ou rádio para russos étnicos nos países que foram repúblicas soviéticas.

“Enfrentamos sofisticadas campanhas de desinformação e radicalização. A nossa melhor arma é divulgar informação baseada nos nossos valores da democracia, liberdade de expressão e sociedades abertas”, afirmou Stoltenberg.