David Miliband defende o regresso ao New Labour e critica o irmão

O irmão do líder trabalhista derrotado, que vive e trabalha em Nova Iorque, não está disponível para voltar para Londres e assumir as rédeas do partido.

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Os irmãos Ed (à esquerda) e David Miliband Reuters

David e Ed Miliband disputaram a liderança do partido em 2010, tendo David perdido. Retirou-se da política — foi eleito deputado mas não ocupou o cargo — e partiu para Nova Iorque, onde dirige uma ONG. Após a derrota do Labour, houve quem se interrogasse se o partido tinha optado pelo irmão errado. David não quis entrar directamente nesse tipo de análise, na entrevista que deu na segunda-feira à BBC. Os trabalhistas não perderam devido a um problema de "personalidade" mas de "orientação política".

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David e Ed Miliband disputaram a liderança do partido em 2010, tendo David perdido. Retirou-se da política — foi eleito deputado mas não ocupou o cargo — e partiu para Nova Iorque, onde dirige uma ONG. Após a derrota do Labour, houve quem se interrogasse se o partido tinha optado pelo irmão errado. David não quis entrar directamente nesse tipo de análise, na entrevista que deu na segunda-feira à BBC. Os trabalhistas não perderam devido a um problema de "personalidade" mas de "orientação política".

David Miliband é um homem do New Labour, a bandeira política de Tony Blair (primeiro-ministro entre 1997 e 2007) que reescreveu o manifesto do partido retirando-lhe premissas antigas (uma visão do socialismo) e cortando os laços com as estruturas tradicionais de apoio, como, por exemplo, os sindicatos. Nas respostas que deu à BBC, David Miliband, que foi ministro dos Negócios Estrangeiros de Blair, disse que a chave para o fracasso trabalhista foi um regresso ao passado, ou pelo menos o apagar das orientações do New Labour que, na sua opinião, têm mais que ver com a sociedade actual e com as aspirações do eleitorado.

"Penso que o veredicto do eleitorado é muito claro e se o Labour não adoptar uma política que desafie as bandeiras tradicionais que dominaram a política durante tanto tempo, abraçando uma política de ambição e inclusão, não vai ganhar", disse David Miliband. "Não vale a pena culpar o eleitorado ou dizer que os eleitores não perceberam a mensagem. Eles simplesmente não quiseram o que o partido lhes propôs."

A escolha, disse, é "muito, muito clara". "Ou construímos a partir do que se conseguiu em 1997, e nesse caso temos a possibilidade de vencer, ou abandonamos essa via e somos derrotados, como aconteceu em 2010 e em 2015. Isto não pode voltar a suceder."

A BBC quis saber se David Miliband está disponível para o Labour, agora que o irmão se demitiu de secretário-geral do partido. Mas este irmão Miliband, que dirige o International Rescue Committee, disse que não. Explicou que a bem da sua "sanidade mental" esqueceu o passado e seguiu em frente. "Não sou candidato nesta eleição pela liderança. Eu dirijo uma organização global de caridade. O resultado de uma eleição não muda o grau do meu comprometimento com o meu trabalho", disse. Mas agora que o "folhetim acabou", disse, referindo-se à constante curiosidade dos media sobre as relações entre os dois irmãos, "talvez esteja mais livre para contribuir para o debate".

Durante a campanha eleitoral, Ed Miliband foi várias vezes questionado sobre a sua relação com David; respondeu sempre que era boa. Porém, fontes do Labour disseram aos jornalistas que os irmãos nunca mais foram próximos e que a relação se rompeu quando Ed "roubou" a liderança do partido a David. Questionado pela BBC sobre a relação com o irmão, David Miliband respondeu secamente: "Continuamos em contacto. Muitos dos ataques a Ed foram injustos e desagradáveis e penso que ele os geriu com grande dignidade e coragem. Sempre disse que se é irmão para toda a vida e que isso tem de ser preservado."