Animais cada vez menos usados na experimentação em Portugal

Apesar de reconhecer que em Portugal ainda são usados "milhares de animais" em experimentações, Mariana Crespo, da Sociedade Portuguesa para a Educação Humanitária, enaltece o facto deste número ter vindo a diminuir

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Yves Herman/Reuters

Os investigadores portugueses usam cada vez mais as alternativas à experimentação animal nas suas pesquisas, as quais são "mais fidedignas", disse à Lusa a directora da Sociedade Portuguesa para a Educação Humanitária (SPEDH). Algumas dessas "boas práticas" laboratoriais que são realizadas em Portugal, nomeadamente nas universidades, serão apresentadas na segunda Conferência Internacional de Alternativas à Experimentação Animal, que se realiza sexta-feira e sábado, em Lisboa.

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Os investigadores portugueses usam cada vez mais as alternativas à experimentação animal nas suas pesquisas, as quais são "mais fidedignas", disse à Lusa a directora da Sociedade Portuguesa para a Educação Humanitária (SPEDH). Algumas dessas "boas práticas" laboratoriais que são realizadas em Portugal, nomeadamente nas universidades, serão apresentadas na segunda Conferência Internacional de Alternativas à Experimentação Animal, que se realiza sexta-feira e sábado, em Lisboa.

Nesse encontro, promovido pela SPEDH, participarão investigadores internacionais e portugueses que eliminaram os animais da investigação e que hoje usam modelos alternativos.

Mariana Crespo exemplificou com o teste à irritação dos olhos, que consiste na aplicação de produtos nos olhos de animais, nomeadamente coelhos, para testar a sua toxicidade. Apesar de muito frequente — embora actualmente, no espaço europeu, esteja proibido o teste em animais para cosméticos —, os resultados obtidos nesta experiência nem sempre podiam ser extrapolados para os humanos. Uma alternativa que, segundo Mariana Crespo, se tem revelado mais eficaz é o teste de determinado composto químico em células humanas, cultivadas "in vitro". Através deste meio, adiantou, é possível testar as substâncias em células como as da pele, do fígado ou do estômago, consoante o objectivo da investigação.

Apesar de reconhecer que em Portugal ainda são usados "milhares de animais" em experimentações, Mariana Crespo enaltece o facto deste número ter vindo a diminuir. "Ressalvamos o crescente desenvolvimento de alternativas à experimentação animal, derivado da legislação europeia, que se move cada vez mais no sentido de privilegiar as alternativas à experimentação animal", disse.

A ciência, por seu lado, cada vez mais aponta no sentido de que "os modelos alternativos são mais fidedignos e permitem fazer paralelos mais consentâneos com a medicina humana". A segunda Conferência Internacional de Alternativas à Experimentação Animal é apresentada como um "evento do interesse da comunidade científica", mas que também se destina a estudantes e público em geral. O principal objectivo da conferência é "promover o debate e a troca de informação relativa às alternativas à experimentação animal", estando prevista a presença de alguns dos mais notáveis pioneiros desta temática, nacionais e internacionais