O actor moribundo

O histrionismo descontrolado e a gritaria bigger than life de Pacino é praticamente o filme todo.

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Porque Pacino, que foi – e é – um dos maiores actores da sua geração e uma presença crucial no cinema americano dos últimos quarenta anos, não é só a expressividade feita de rigor e interioridade (dos “Padrinhos”, por exemplo), tem um “lado B” feito de histrionismo descontrolado e gritaria bigger than life

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Porque Pacino, que foi – e é – um dos maiores actores da sua geração e uma presença crucial no cinema americano dos últimos quarenta anos, não é só a expressividade feita de rigor e interioridade (dos “Padrinhos”, por exemplo), tem um “lado B” feito de histrionismo descontrolado e gritaria bigger than life

É esse lado de Pacino que está em A Humilhação, o que até viria a propósito dado o facto de a sua personagem ser, também ela, um actor envelhecido, em crise, feito de uma mistura de vaidade e insegurança. E Pacino é o filme praticamente todo, sempre “em número”, em monólogos e em piscadelas de olho, e continua a ser o filme praticamente todo mesmo quando lhe salta ao caminho a miúda Greta Gerwig, para um affair tipicamente rothiano. <_o3a_p>

Barry Levinson, outrora célebre pelos Rain Man e quejandos mas ultimamente um bocado desaparecido (e no estado em que isto anda já nem sabemos dizer se isso é bom ou mau), assume plenamente a condição de tarefeiro ao serviço da grande vedeta, ele sim, Pacino, o verdadeiro “autor” do filme. Sai obra mole e desossada, muito aborrecida, e às vezes bastante irritante, mesmo se a vontade de “irritar” faz parte do jogo de Pacino. Resta dizer que este cruzamento entre “teatro” e “vida” (mais desarranjo psicológico) já foi explorado, com muito melhores resultados, pelo próprio Pacino e num filme que ele mesmo realizou nos idos de 90, Looking for Richard. Aqui tudo se passa como se ele apenas nos quisesse lembrar da sua existência. Que esteja descansado: de Pacino nunca nos esqueceremos. Deste filme, quanto mais depressa melhor.