Por agora, pilotos decidem manter greve na TAP

Reunião com presidente da companhia não permitiu cancelamento da paralisação de dez dias. Governo volta a fazer apelo para que pilotos compareçam ao serviço.

Foto

Numa conferência de imprensa realizada depois de uma nova reunião com o presidente da TAP, que decorreu na tarde desta quinta-feira, Hélder Santinhos, da direcção do SPAC, reafirmou que os protestos são para manter porque "os pilotos e os trabalhadores estão cansados de pagar por erros que não são seus".

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

Numa conferência de imprensa realizada depois de uma nova reunião com o presidente da TAP, que decorreu na tarde desta quinta-feira, Hélder Santinhos, da direcção do SPAC, reafirmou que os protestos são para manter porque "os pilotos e os trabalhadores estão cansados de pagar por erros que não são seus".

O responsável acusou a TAP e o Governo de "radicalismo" e garantiu que "os pilotos fizeram concessões muito significativas" durante o processo negocial que se estendeu até ao encontro desta tarde com Fernando Pinto. "A administração está irredutível na sua posição", afirmou, acrescentando que, apesar de "as greves nunca serem oportunas", os pilotos "cá estarão para assumir as suas responsabilidades".

Hélder Santinhos disse, porém, que "existe sempre" a possibilidade de haver um acordo que resulte no cancelamento desta paralisação. Era essa a expectativa que existia quando o PÚBLICO noticiou que elementos da direcção do SPAC estavam reunidos com o presidente da TAP para tentarem chegar a um acordo que travasse a greve. Mas, pelo menos até agora, não foi encontrada uma solução que o permita. Os pilotos reclamam a devolução das diuturnidades suspensas desde 2011 e uma fatia entre 10% e 20% no capital da empresa.

Em reacção à decisão do sindicato, o ministro da Economia fez uma declaração em que voltou a apelar aos trabalhadores para que compareçam ao serviço. "Apelo a que os pilotos, homens e mulheres habituados a tomar decisões em momentos delicados, trabalhem de 1 a 10 de Maio", disse Pires de Lima.

O governante justificou o facto de não responder a mais perguntas dos jornalistas com a "esperança que a sociedade portuguesa toda ainda mantém, até à última hora," de que a paralisação seja desconvocada. Para o ministro, fazer mais comentários poderia colocar em causa uma eventual "reconsideração dos pilotos", deixando transparecer que ainda existe, dentro do Governo, a expectativa de que a greve seja cancelada.

Mas mesmo que os protestos fossem cancelados, os principais danos já são irrecuperáveis. Só para esta sexta-feira, primeiro dia de uma greve que está agendada até 10 de Maio, já houve três mil passageiros que decidiram cancelar as viagens. O número poderá ser muito superior, visto que há clientes que já terão desistido dos voos, mas ainda não confirmaram essa decisão junto da TAP.

A companhia de aviação estimava transportar cerca de 350 mil pessoas nestes dez dias. Uma parte significativa dos passageiros já estará perdida e outra fatia importante  optou por transferir os voos para datas alternativas ou por pedir vouchers com a validade de um ano, ou seja, mesmo não tendo cancelado os bilhetes, vão ocupar o lugar de reservas futuras, o que significará sempre uma perda para a TAP.

Nesta quinta-feira, a transportadora aérea publicou um aviso no seu site em que lista os voos que não deverá conseguir realizar, caso a greve avance. São, no total, 86 ligações que a companhia ainda não cancelou propositadamente, porque, por um lado, ainda tem a expectativa de que os pilotos compareçam ao serviço e, por outro, está a evitar o pagamento de reembolsos aos clientes.