Retrato de Bach devolvido a Leipzig 265 anos depois

Depois da morte do compositor, o retrato viajou pela Polónia, Inglaterra e Estados Unidos. Agora, por vontade do seu último proprietário, regressará à cidade onde Bach foi sepultado.

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O retrato foi pintado em 1748 e é uma cópia do original criado dois anos antes, hoje danificado por restauros mal executados DR

A devolução acontecerá por vontade testamentária de William Scheide, que morreu em 2014 aos 100 anos de idade. O filantropo americano, membro do corpo directivo da Fundação Arquivo de Bach de Leipzig, comprara o quadro num leilão em 1952. A obra mostra o compositor já sexagenário na pose a que hoje instantaneamente o associamos (olhar austero e inquisidor e peruca sobre a cabeça, como era de rigor à época). Trata-se de uma cópia em bom estado do original pintado dois anos antes, danificado ao longo do tempo por restauros mal executados, e que se encontra desde 1913 no Museu da História de Leipzig. “O retrato, que provavelmente toda a gente viu pelo menos uma vez durante a sua vida, é um ícone da história da música”, lê-se num comunicado do Museu citado pela Reuters. O Guardian escreve que actualmente existirão no mundo, no máximo, três retratos de Bach.

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A devolução acontecerá por vontade testamentária de William Scheide, que morreu em 2014 aos 100 anos de idade. O filantropo americano, membro do corpo directivo da Fundação Arquivo de Bach de Leipzig, comprara o quadro num leilão em 1952. A obra mostra o compositor já sexagenário na pose a que hoje instantaneamente o associamos (olhar austero e inquisidor e peruca sobre a cabeça, como era de rigor à época). Trata-se de uma cópia em bom estado do original pintado dois anos antes, danificado ao longo do tempo por restauros mal executados, e que se encontra desde 1913 no Museu da História de Leipzig. “O retrato, que provavelmente toda a gente viu pelo menos uma vez durante a sua vida, é um ícone da história da música”, lê-se num comunicado do Museu citado pela Reuters. O Guardian escreve que actualmente existirão no mundo, no máximo, três retratos de Bach.

Após a morte de Bach, em 1750, o retrato foi herdado pelo seu filho C. P. E. Bach. No início do século XIX passa para a posse dos Jenke de Breslau, hoje Wrocklaw, Polónia, família judaica que se mudaria na década de 1930 para Inglaterra, escapando ao terror nazi. Temendo pela segurança da sua colecção durante a II Guerra Mundial, Walter Jenke entregou o quadro aos Gardiner, que o mantiveram protegido numa propriedade rural em Dorset. Curiosamente, uma das pessoas que conviveu com o retrato em criança era John Eliot Gardiner, hoje maestro e um dos grandes especialistas mundiais na obra de Bach (e presidente do Arquivo de Bach de Leipzig).

“Passava em frente dele várias vezes ao dia durante a minha infância em Dorset, numa altura em que estava a aprender a cantar os motetos [composição sacra polifónica] de Bach”, conta Gardiner em comunicado. “É assim ao mesmo tempo comovente e apropriado ver o retrato abandonar a sua casa actual, pendurado durante os últimos 60 anos na sala-de-estar do grande estudioso e filantropo, o falecido William Scheide, e testemunhar o seu regresso a Leipzig”, concluiu.