Violentos confrontos no Burundi contra recandidatura do Presidente

Duas pessoas morreram baleadas pela polícia durante manifestação promovida pela oposição a Pierre Nkurunziza.

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Confrontos em Bujumbura fizeram dois mortos Thomas Mukoya / Reuters

Aquilo que deveria ser uma manifestação pacífica acabou da pior forma, depois de terem estalado alguns focos de violência espalhados pela capital, Bujumbura. A polícia disparou balas reais para dispersar a multidão e matou duas pessoas em dois bairros da cidade, segundo relatos de testemunhas citadas pela AFP.

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Aquilo que deveria ser uma manifestação pacífica acabou da pior forma, depois de terem estalado alguns focos de violência espalhados pela capital, Bujumbura. A polícia disparou balas reais para dispersar a multidão e matou duas pessoas em dois bairros da cidade, segundo relatos de testemunhas citadas pela AFP.

A manifestação, que juntou cerca de 100 pessoas, foi convocada pelos partidos da oposição ao Presidente Nkurunziza, que se pretende recandidatar às eleições de 26 de Junho.

No poder desde 2005, e reeleito em 2010, Pierre Nkurunziza foi proposto sem surpresas pelo seu partido, o Conselho Nacional para a Defesa da Democracia-Forças de Defesa da Democracia (CNDD-FDD), como o candidato às próximas eleições. A oposição e vários sectores da sociedade civil consideram que um novo mandato de Nkurunziza seria inconstitucional e põe em causa os acordos de paz de Arusha, que puseram fim à guerra civil no país, entre 1993-2006.

Foi para protestar contra a recandidatura do Presidente que os líderes da oposição convocaram uma manifestação pacífica. “Mas a polícia e as milícias do partido no poder dispararam balas reais sobre os manifestantes”, disse Frodebu Leonce Ngendakumana, um dos dirigentes oposicionistas.

O ministro do Interior, Edouard Nduwimana, denunciou os “levantamentos organizados pelo apelo de certos políticos e da sociedade civil”. Na mira das autoridades está também a RPA, uma rádio privada muito influente, que o Governo ameaçou fechar pela cobertura das manifestações deste domingo.

A violência dos confrontos pode aprofundar a instabilidade no país e lembra a cadeia de acontecimentos que levou à queda de Blaise Campaoré no Burkina Faso, no ano passado. Também aí, a intenção do líder do país dos últimos 27 anos em permanecer no poder desencadeou uma onda de protestos violentos.