A nova vida do Libération

Diário francês fundado por Jean-Paul Sartre é um dos principais títulos do novo grupo de media do futuro dono da PT Portugal, Patrick Drahi.

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Patrick Drahi, o presidente da Altice Philippe Wojazer/Reuters

“Vamos mudar tudo, menos o logo”, disse esta semana o director-geral do jornal, Pierre Fraidenraich, num encontro com jornalistas, em Paris. “Somos o único jornal que pode afirmar que é de esquerda. É assim há 40 anos”, disse Fraidenraich, na sede do Libération, em Paris. “Vamos continuar a procurar histórias nessa linha, mas queremos fazer escolhas editoriais mais ousadas. Será como um novo capítulo para nós”, afirmou.

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“Vamos mudar tudo, menos o logo”, disse esta semana o director-geral do jornal, Pierre Fraidenraich, num encontro com jornalistas, em Paris. “Somos o único jornal que pode afirmar que é de esquerda. É assim há 40 anos”, disse Fraidenraich, na sede do Libération, em Paris. “Vamos continuar a procurar histórias nessa linha, mas queremos fazer escolhas editoriais mais ousadas. Será como um novo capítulo para nós”, afirmou.

O redesenho do jornal esteve a cargo do espanhol Javier Herrera (que em Portugal concebeu o grafismo do I e do Dinheiro Vivo) e a aposta passará por desenvolver conteúdos editoriais fortes, que marquem a diferença entre as notícias disponíveis no site e a edição impressa. Um dos erros do jornal foi não ter investido no digital “nos últimos dez anos”. Hoje, esse investimento existe, mas a edição impressa está no centro da estratégia.

“Se queres continuar a existir no mercado tens de ter papel. Se parares, esquece a marca”, afirmou o director do Libération. E é com uma marca forte que o Libération, que já tem uma rádio que emite online, e que ambiciona vir a ter uma televisão, quer lançar-se na organização de eventos (conferências, seminários), “onde está o dinheiro”. Por definir está ainda se o preço do "novo" Libération, que actualmente custa 1,70 euros, passará para 1,95 euros ou dois euros.

“É a melhor vista de Paris”, diz Fraidenraich, enquanto aponta a Torre Eiffel e a basílica do Sacré Coeur. Num dia primaveril, a vista panorâmica da capital francesa do terraço/esplanada que encima o edifício de seis andares do Libération (um antigo parque de estacionamento em altura) torna ainda mais insólito o facto de haver dois polícias com metralhadoras à porta do edifício, no número 11 da Rue Béranger, e outros nas imediações.

É assim desde o início de Janeiro, quando a redacção do Charlie Hebdo, a poucos minutos de distância, foi atacada por terroristas que mataram 12 pessoas e feriram outras cinco com gravidade. O Libération, a dois passos da Place da la République, que se encheu com milhares de pessoas numa vigília de homenagem às vítimas do atentado, acolheu os vizinhos, que ocupam agora o quinto piso do edifício.

Pelos restantes andares espalham-se cerca de 200 trabalhadores do diário, dos quais 130 jornalistas. “A primeira condição que Patrick Drahi impôs para comprar o jornal foi fazer uma reestruturação”, disse o presidente executivo do novo Altice Media Group, Marc Laufer. No processo saíram pelo menos 100 pessoas. Segundo Laufer, o Libération deverá atingir o ponto de equilíbrio financeiro em 2016.

“É uma questão de meses” até que Drahi complete a aquisição dos restantes 50% do capital que ainda não detém no Libération ao promotor imobiliário Bruno Ledoux. Antes o grupo deverá fechar a compra do grupo L’Express aos belgas da Roularta, juntando ao seu portefólio este semanário e 15 revistas de temáticas tão variadas como o cinema, a música, a decoração ou o lifestyle.

A estes activos juntam-se ainda o canal de televisão que emite a partir de Israel em francês e árabe, i24News. O volume de negócios consolidado deste novo grupo de media, que não exclui investimentos futuros em Portugal, rondará os 250 a 300 milhões de euros. “A nossa ambição é criar um grande grupo multimédia, com diversificação de activos e geografias, com denominador de independência editorial e inovação”, afirmou Laufer.

A jornalista viajou a convite da Altice