Arábia Saudita retoma bombardeamentos no Iémen

Riad tinha anunciado fim dos raides aéreos, mas horas depois voltou a bombardear posições controladas pelos rebeldes huthis.

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Apoiantes do Presidente Hadi, que se refugiou na Arábia Saudita, perto de Áden (Sul) Saleh Al-Obeidi

O raides regressaram ao início da manhã desta quarta-feira e surgiram como resposta à tomada de um complexo militar de forças leais ao Governo iemenita pelos rebeldes huthis. Riad tinha avisado que poderia retomar os bombardeamentos caso julgasse necessário.

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O raides regressaram ao início da manhã desta quarta-feira e surgiram como resposta à tomada de um complexo militar de forças leais ao Governo iemenita pelos rebeldes huthis. Riad tinha avisado que poderia retomar os bombardeamentos caso julgasse necessário.

Os novos ataques aéreos concentraram-se em Taiz, a terceira cidade do país, onde uma base militar pró-governamental foi tomada pelos huthis, e em Áden, de acordo com o vice-governador da cidade, Nayef al-Bakri, citado pela Al-Jazira.

Após um mês de bombardeamentos, a Arábia Saudita tinha anunciado à meia noite (menos duas horas em Portugal Continental) desta quarta-feira o término da sua operação no Iémen contra os rebeldes huthis e os seus aliados e garantiu o seu apoio a uma solução negociada para o conflito no país vizinho.

O Irão, que Riad acusa de apoiar os huthis, que são xiitas, congratulou-se com a decisão do seu rival na região.

“A operação atingiu os seus objectivos de remover a ameaça para a Arábia Saudita e países vizinhos, especialmente em termos de armamento pesado”, alegava uma declaração governamental citada pela agência de notícias saudita. Vai agora começar uma nova fase, que combinará acção política, diplomática e militar, focando-se no “processo político para um futuro estável e seguro no Iémen”, segundo o porta-voz militar, Ahmed Asseri.

A Arábia Saudita começou a intervenção – uma acção rara para a monarquia wahabita – no Iémen para impedir o avanço dos huthis, que aliados do antigo Presidente Saleh cercavam já o actual detentor do cargo, Abd Mansour Hadi, forçando-o a sair do país para a Arábia Saudita. A operação teve não só este objectivo imediato como o de assegurar que Riad mantém a sua posição de hegemonia na região face a um Irão mais poderoso caso se confirme um acordo sobre o nuclear.

Acusado de apoiar os huthis, o Irão apelava antes a uma solução negociada e um Governo iemenita que incluísse todas as forças do país, um pedido que reiterou: “Desenvolvimentos positivos no Iémen devem ser seguidos de ajuda humanitária urgente, diálogo interno e um governo alargado”, reagiu no Twitter o ministro dos Negócios Estrangeiros, Moahmmad Javad Zarif.

Riad poderia continuar a operação (que não estava a trazer vantagem óbvia para nenhum dos lados) ou enviar forças terrestres, mas terá optado por tentar uma solução negociada, pedindo o recomeço de conversações com mediação das Nações Unidas. Ainda assim, os sauditas dizem que a coligação irá continuar a impedir as milícias huthis de se movimentar ou operar dentro do Iémen.

O fim da "Operação Tempestade Decisiva" deu lugar a uma nova estratégia, a "Renovação da Esperança", destinada a proteger os civis e a combater o "terrorismo", segundo os responsáveis militares sauditas.

Os Estados Unidos, que apoiaram a Arábia Saudita com partilha de informação e monitorização da costa do Iémen para impedir que pudessem chegar armas iranianas aos huthis, saúdaram o anúncio da conclusão da operação no Iémen”, declarou um porta-voz da Casa Branca. Enquanto isso, Washington diz estar a monitorizar vários navios iranianos ao largo do Iémen e alertaram já Teerão para qualquer tentativa de furar o embargo de armas aos huthis decidido pelo Conselho de Segurança da ONU.

Enquanto isso, no terreno, os combates continuaram. A Organização Mundial de Saúde (OMS) dizia na terça-feira que 944 pessoas morreram e 3477 ficaram feridas em quatro semanas no Iémen, dados que dizem apenas respeito a registos hospitalares, pelo que o número real de vítimas será muito mais alto. Segundo a ONU, mais de 150 mil pessoas fugiram por causa da violência. 

Organizações de defesa dos direitos humanos avisavam que muitas das vítimas eram civis, incluindo crianças.