Irão vai nomear primeira embaixadora desde 1979

A actual porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros deverá ser destacada para um país do Leste asiático.

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A escolhida será a actual porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Marzieh Afkham, mas não foi revelado qual será a embaixada atribuída, tendo sido apenas adiantado que será uma missão no Leste asiático, segundo as agências Fars e Mehr, citadas pela Reuters.

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A escolhida será a actual porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Marzieh Afkham, mas não foi revelado qual será a embaixada atribuída, tendo sido apenas adiantado que será uma missão no Leste asiático, segundo as agências Fars e Mehr, citadas pela Reuters.

A última embaixadora iraniana foi Mehrangiz Dolatshahi, nomeada para a Dinamarca em 1976 onde esteve até à revolução dos ayatollahs.

A notícia da escolha de Afkham, considerada uma veterana da diplomacia iraniana, foi bem recebida pelo director da Campanha Internacional para os Direitos Humanos no Irão, Gissou Nia, que a considerou “um passo positivo”. “Não tivemos uma embaixadora mulher desde os anos 1970 mas isso não apaga as preocupações actuais sobre a legislação pendente no Parlamento iraniano que pretende restringir o papel das mulheres na esfera pública”, disse Nia ao jornal britânico Guardian.

A nomeação de Afkham em 2013 para porta-voz do ministério foi encarada já na altura como uma medida progressiva. “É uma decisão extremamente corajosa pelo ministro dos Negócios Estrangeiros [Mohammad Javad] Zarif a de nomear uma mulher para um cargo tão graduado e visível politicamente”, dizia à CNN o catedrático iraniano Farideh Farhi.

O regime iraniano é habitualmente criticado pelas organizações de defesa dos direitos humanos pela promoção de políticas de opressão sobre as mulheres. As iranianas não podem, por exemplo, viajar para o estrangeiro sem uma autorização de um homem que se responsabilize por si, tal como o pai ou o marido.

As forças de segurança também costumam impedir de forma violenta que as mulheres andem em público sem o hijab – o véu islâmico. Em tribunal, o testemunho de uma mulher vale metade do de um homem.

O Presidente, Hasan Rohani, prometeu durante a campanha eleitoral de 2013 melhorar o tratamento das mulheres no país e há sinais que revelam alguma abertura da parte de Teerão. O Governo pretende aprovar uma reforma à lei que impede as mulheres de assistirem a eventos desportivos praticados por homens, abrindo a possibilidade de tomarem parte em alguns.

O anterior Presidente, Mahmoud Ahmadinejad, já tinha nomeado uma mulher como ministra. Marzieh Vahid Dastjerdi entrou para o Governo em 2009, para se ocupar da pasta da Saúde e Educação Médica, mas acabou por se incompatibilizar com o próprio Ahmadinejad por causa das limitações de financiamento para importar medicamentos.

No Irão, cerca de 60% dos estudantes universitários são mulheres, embora apenas 10% esteja empregada actualmente, segundo as estatísticas oficiais.