Basta o que basta

O prof. Crato devia fechar imediatamente a Lusófona e entregar o caso à Procuradoria-Geral da República.

Na Universidade, para falar só dela, meteu milhares de adolescentes em edifícios caducos do século XVIII ou XIX, que já tinham pertencido à Igreja, e que a I República adaptara à mais nobre função de espalhar as “luzes” entre o povo (e a classe média) que o “jesuitismo” deformara; o ISE, por exemplo, agora ISEG, nasceu assim no convento do Quelhas.

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Na Universidade, para falar só dela, meteu milhares de adolescentes em edifícios caducos do século XVIII ou XIX, que já tinham pertencido à Igreja, e que a I República adaptara à mais nobre função de espalhar as “luzes” entre o povo (e a classe média) que o “jesuitismo” deformara; o ISE, por exemplo, agora ISEG, nasceu assim no convento do Quelhas.

Professores quase não havia e os que havia passeavam o seu espanto e a sua angústia pelo meio do caos. A agitação política cresceu até 1976 e mesmo daí em diante não aprovar um aluno com 18 ou 19, como ele se achava com direito, era contribuir para uma “sociedade de classes”, ditatorial e exploradora. Perante esta catástrofe e a absoluta falta de espaço físico para acomodar a elite da democracia, o Estado decidiu permitir “universidades privadas” sob forma de cooperativas. Não vale a pena entrar aqui na história pouco edificante dessas putativas universidades. Basta dizer que não existia, nem podia existir, entre elas e a verdadeira coisa a mais leve semelhança. As “privadas” não passavam de um negócio, em que a produção e a transmissão de ciência não ocupavam lugar e em que a educação não fazia parte dos fins gerais da empresa.

Como sempre sucede em Portugal, depois de um “escândalo” com um ministro, embora o escândalo fosse há anos público e notório, o prof. Nuno Crato mandou abrir um inquérito à Universidade Lusófona. E esse inquérito apurou que em 152 casos – um número extraordinário – os diplomas daquela augusta casa não deviam ser considerados válidos, por erro na avaliação de “equivalências” várias. Sobre isto, que deixa ver como funciona e para que serve a “Lusófona”, cresceram e floresceram as “praxes” que levaram aos seis mortos da praia do Meco, com absoluta ignorância da gente em posições de autoridade, a quem incumbia garantir a saúde e a segurança das crianças (porque eram crianças) que lhes tinham confiado. O prof. Crato devia fechar imediatamente a Lusófona e entregar o caso à Procuradoria-Geral da República. Basta o que basta. Principalmente para um Governo que não se preocupou de mais com a observância da lei e a limpeza cívica.