Inflação na zona euro sobe, mas continua em terreno negativo

Ainda não foi em Março que as compras de activos por parte do BCE conseguiram pôr os preços a subir na zona euro.

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Mario Draghi acredita que a inflação irá subir para 1,5% em 2016 Daniel Roland/AFP

De acordo com os dados publicados nesta terça-feira pelo Eurostat, a inflação homóloga nos 19 países que têm o euro como divisa foi de -0,1% em Março. Foi o quarto mês consecutivo em que se registou uma variação de preços negativa face ao mesmo período do ano anterior.

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De acordo com os dados publicados nesta terça-feira pelo Eurostat, a inflação homóloga nos 19 países que têm o euro como divisa foi de -0,1% em Março. Foi o quarto mês consecutivo em que se registou uma variação de preços negativa face ao mesmo período do ano anterior.

Em Dezembro do ano passado, a inflação entrou em terreno negativo, tornando claro aos responsáveis do Banco Central Europeu que as medidas que já tinham tomado (taxas de juro quase a zero e compras de créditos titularizados à banca) não seriam suficientes para travar a ameaça de deflação que estava a chegar à zona euro.

Pouco tempo depois, Mario Draghi anunciou que o banco central iria dar mais um passo em frente e começar a comprar títulos de dívida pública. Desde o passado dia 9 de Março que o BCE está a efectuar compras de activos que promete irem ascender a 60 mil milhões de euros ao mês, pelo menos até Setembro de 2016.

A autoridade monetária espera que estas compras ajudem o crédito a fluir na Europa, reanimem a actividade económica e façam subir os preços. Até ao momento, o efeito mais visível desta enorme injecção de novos euros nos mercados é a forte depreciação do euro, que contribui para os objectivos do BCE uma vez que torna as exportações das empresas da zona euro mais competitivas e as importações mais caras, criando inflação.

Ainda assim, em Março, tal não foi ainda suficiente para colocar a taxa de inflação homóloga em valores positivos. E a meta oficial do BCE de uma inflação “abaixo mas próxima de 2%” permanece muito distante.

Ainda assim, tal como esperava a maior parte dos analistas, registou-se uma ligeira subida do indicador. Com a ajuda dos preços dos combustíveis e dos alimentos (aqueles que são mais influenciados pela quebra do euro), a taxa de inflação homóloga passou de -0,3% para -0,1%. Nos mercados, a expectativa é a de que, nos próximos meses, a inflação estabilize perto de zero, dependendo a sua variação daquilo que acontece aos preços do petróleo.

Do lado do BCE, a expectativa é a de que as medidas que tomou possam recolocar a inflação próximo da sua meta oficial dentro de apenas um ano. A entidade liderada por Mario Draghi prevê uma taxa de inflação nula durante este ano, mas acredita que suba para 1,5% logo em 2016 e 1,8% em 2017.

Os bancos centrais, conhecidos normalmente por combater uma escalada da inflação, tentam também evitar taxas de inflação demasiado baixas ou mesmo negativas durante um período longo de tempo. Um fenómeno conhecido por deflação e que conduz a uma deterioração dos níveis de endividamento dos agentes económicos e leva ao adiamento por parte das empresas e das famílias de decisões de investimento e consumo, agravando a situação da economia.