"É preciso controlo público para evitar desmandos da banca", afirma Jerónimo

Proposta do PS de nova forma de nomeação do Governador do Banco de Portugal é bem intencionada, mas recuada, considera o PCP

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Jerónimo de Sousa Nuno Ferreira Santos

Jerónimo de Sousa falava na inauguração da Rua Álvaro Cunhal, uma homenagem proposta pela União de Freguesias da Cidade de Santarém aprovada por unanimidade pela Câmara Municipal, órgãos geridos maioritariamente pelo PSD, e que integra o programa das comemorações dos 41 anos da Revolução de Abril de 1974.

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Jerónimo de Sousa falava na inauguração da Rua Álvaro Cunhal, uma homenagem proposta pela União de Freguesias da Cidade de Santarém aprovada por unanimidade pela Câmara Municipal, órgãos geridos maioritariamente pelo PSD, e que integra o programa das comemorações dos 41 anos da Revolução de Abril de 1974.

O líder comunista declarou que, apesar de não existir ainda relatório final da comissão de inquérito ao Banco Espírito Santo - que recordou ter resultado de uma proposta apresentada pelo PCP -, é possível “extrair algumas ideias-força”.

Para Jerónimo de Sousa, a forma como o sector financeiro “age e reage, demonstra que não se pode apenas tentar melhorar a supervisão”.

“Justificava-se plenamente aquela proposta do meu partido que defende o controlo público, particularmente da banca, tendo em conta que o dinheiro é um bem público que não pode estar à disponibilidade de grupos poderosos que se organizam para conseguir dividendos colossais, conseguir lucros abissais, mas depois quando se trata de prejuízos, ‘aqui d’el rei’, aí vem o Estado tapar o buraco, como aconteceu com os ‘BPNs’, com os ‘BPPs’ e como está a acontecer com o BES/GES”, declarou.

No entender do secretário-geral do PCP, é preciso “assumir que o dinheiro público deve estar garantido não só em mãos sólidas mas também sob o controlo público que o Estado deve fazer”.

Sobre a proposta do PS de nomeação do governador do Banco de Portugal pelo Presidente da República, Jerónimo de Sousa admitiu que possa ser “bem intencionada”, mas considerou-a “recuada e insatisfatória, tendo em conta aquilo que aconteceu e que acontece no sector financeiro”.

“Uma tentativa de revisão Constitucional extraordinária, portanto localizada, para um desfecho que não vai resolver a questão de fundo naturalmente não subscrevemos”, declarou.

Instado a comentar a manutenção do rating “lixo” pela agência financeira Fitch, Jerónimo de Sousa disse preferir ter como referência o “país concreto” e a situação em que se encontram as pessoas e não agências sobre as quais considera deverem existir “grandes reservas”.

“A monitorização maior deveria ser a partir da realidade que desmente” a teoria do Governo de que o país “está a dar a volta”, que se vê “luz ao fundo do túnel. Tudo isso é conversa”, afirmou.