Quase 400 médicos emigraram no ano passado

"Desemprego e emigração médica" vão estar em debate esta quinta-feira no Estoril.

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Serviços disponibilizados pelas plataformas ainda se concentram nos grandes centros urbanos Foto: Fábio Teixeira

“Em 2014 emigraram 387 médicos e cerca de 1100 pediram o certificado à Ordem [documento para poderem exercer a profissão noutro país]”, contabiliza José Manuel Silva. Quando um médico pretende emigrar necessita de um certificado para apresentar nas instituições, os chamados “good standing certificates”, que têm vindo a aumentar nos últimos anos. Este foi o ano mais expressivo em termos de pedidos, adianta. 

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“Em 2014 emigraram 387 médicos e cerca de 1100 pediram o certificado à Ordem [documento para poderem exercer a profissão noutro país]”, contabiliza José Manuel Silva. Quando um médico pretende emigrar necessita de um certificado para apresentar nas instituições, os chamados “good standing certificates”, que têm vindo a aumentar nos últimos anos. Este foi o ano mais expressivo em termos de pedidos, adianta. 

Este tema vai estar esta tarde em discussão no 32.º Encontro Nacional de Medicina Geral e Familiar, no Estoril, onde o bastonário da OM participa num debate sobre “Desemprego e Emigração Médica”. “Este será o momento oportuno para abordar muitas das questões que no presente e no futuro exercem influência sobre a saída ou permanência dos médicos portugueses em solo nacional”, antecipam os organizadores da iniciativa.

Preocupado com as saídas num país em que se fala sistematicamente da falta de médicos no Serviço Nacional de Saúde (SNS), José Manuel Silva frisa que os profissionais de saúde saem para o estrangeiro porque vão ganhar substancialmente mais, mas também porque estão desmotivados. “Há jovens especialistas à espera dos concursos [para entrar nas unidades do SNS] a ganhar como internos da especialidade. Há médicos a ganhar oito euros limpos à hora”, lamenta.

À semelhança do que acontece com os enfermeiros, Portugal transformou-se assim num viveiro para o recrutamento de médicos. Há países, como o Reino Unido, por exemplo, que preferem contratar médicos já formados do que formar profissionais. Os vários anúncios de empresas de recrutamento que se encontram no site da OM provam que os salários oferecidos são muito superiores aos praticados no país. No ano passado, vários hospitais da Arábia Saudita vieram a Portugal recrutar médicos e ofereciam salários que oscilavam entre oito e os 11 mil euros por mês.