Eu fumo, tu fumas e uma em cada três crianças também

Nova campanha da Direcção-Geral da Saúde quer sensibilizar e prevenir a exposição das crianças ao fumo do tabaco em casa e nos carros. Chama-se Eu fumo, tu fumas e arranca na próxima semana.

Foto
Exemplo de um dos cartazes da campanha DR

“O fumo é o principal poluente evitável do ar interior e não há um limiar seguro de exposição ao fumo”, começou por explicar a directora do Programa Nacional para a Prevenção e Controlo do Tabagismo, que acrescentou que “mais de 80% do fumo do tabaco é invisível”, o que faz com que inconscientemente muitas pessoas exponham crianças. Como exemplo, Emília Nunes referiu as superfícies, roupas, paredes e tintas em que o fumo se deposita em quantidades suficientes para ser absorvido pelas crianças, mesmo muito tempo depois de se ter fumado no espaço. Otites, asma, dificuldades respiratórias, pneumonias e síndrome de morte súbita do lactente são algumas das doenças que afectam numa proporção muito superior os filhos de pais fumadores.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

“O fumo é o principal poluente evitável do ar interior e não há um limiar seguro de exposição ao fumo”, começou por explicar a directora do Programa Nacional para a Prevenção e Controlo do Tabagismo, que acrescentou que “mais de 80% do fumo do tabaco é invisível”, o que faz com que inconscientemente muitas pessoas exponham crianças. Como exemplo, Emília Nunes referiu as superfícies, roupas, paredes e tintas em que o fumo se deposita em quantidades suficientes para ser absorvido pelas crianças, mesmo muito tempo depois de se ter fumado no espaço. Otites, asma, dificuldades respiratórias, pneumonias e síndrome de morte súbita do lactente são algumas das doenças que afectam numa proporção muito superior os filhos de pais fumadores.

De acordo com Emília Nunes, quase 37% dos menores de idade estão expostos ao fumo ambiental do tabaco em casa. Um estudo com crianças apenas do 4.º ano de escolaridade também detectou que quase 63% das crianças expostas ao tabaco em casa são filhas de fumadores, mas há 19,2% de crianças sem pais que fumam e que através das visitas acabam por estar em contacto com os químicos. Nos carros o cenário também não é melhor e um estudo que acaba de ser publicado indica que 28% das crianças são expostas ao tabaco nos carros.

O comportamento nos carros é precisamente um dos alvos da campanha Eu fumo, tu fumas da DGS, que num dos vídeos mostra um pai a fumar no carro e a criança na cadeirinha a expelir o mesmo fumo e apela a que “não ofereça este futuro ao seu filho”. A campanha vai arrancar na próxima semana e está disponível até final de Março, num investimento de 75 mil euros, aos quais o secretário de Estado adjunto da Saúde contrapôs os 500 a 600 milhões de euros que os fumadores gastam por ano. “Há um ganho muito grande quando reduzimos o número de fumadores”, sublinhou Fernando Leal da Costa, que explicou que a aposta do Governo passa por sensibilizar as pessoas mais do que por proibir.

Questionado sobre o atraso de dois anos na revisão da lei do tabaco, Leal da Costa disse que espera ter um novo diploma ainda durante esta legislatura, mas confirmou que a proibição do fumo dentro dos carros não está, por agora, em cima da mesa. O governante defendeu que neste momento não temos uma boa lei, mas por respeito aos investimentos que ela exigiu aos espaços que quiseram permanecer para fumadores a revisão ainda não vai prever uma interdição total do tabaco em restaurantes ou bares e essa mudança será “progressiva”. A única certeza é que novos “espaços que queiram iniciar-se devem ser livre de fumo”, disse Leal da Costa.

Em estudo estão também outras opções, como a avançada nesta quinta-feira pelo PÚBLICO, de devolver aos ex-fumadores algum do dinheiro que gastaram nos produtos para a cessação tabágica. O secretário de Estado disse que ainda é prematuro avançar com pormenores concretos, como o valor que poderá ser pago e ao fim de quanto tempo, mas explicou que serão negociados melhores preços com os fabricantes destes produtos. A ideia passa sempre por manter o programa de deixar de fumar ligado aos médicos de família, “já que os medicamentos por si só não têm a eficácia desejável”, sublinhou. Quanto à forma de testar se houve cessação tabágica, Leal da Costa disse que ainda não foi decidida, mas Emília Nunes explicou que outros países já usam testes ao monóxido de carbono.