Linha Saúde24 vai ter consultas telefónicas para cessação tabágica no início do ano

Ministério da Saúde está a ponderar comparticipar de 40% medicamentos para deixar de fumar

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A linha telefónica Saude24, do Serviço Nacional de Saúde, vai passar a ter consultas telefónicas para desabituação tabágica no início do ano e o secretário de Estado da Saúde, Leal da Costa, diz que em 2015 vai haver novidades sobre a comparticipação de fármacos para deixar de fumar, estando a ser avaliada a hipótese de apoios na compra destes medicamentos que podem ir até aos 40%. As medidas foram anunciadas no final da apresentação do relatório Portugal-Prevenção e Controlo do Tabagismo em números 2014, esta terça-feira em Lisboa.

O documento que fez o ponto da situação nesta área dá conta do enorme decréscimo do número de consultas de desabituação tabágica no país, apenas 70% dos Agrupamentos de Centros de Saúde têm uma consulta, quando o objectivo é que todos tenham a valência, constatou a directora do Programa Nacional para a Prevenção e o Tabagismo, Emília Nunes

O serviço que a linha Saúde24 vai passar a ter no início do ano pretende ser “uma compensação à falta de consultas". "Não cumprimos os objectivos”, reconheceu o director-geral da Saúde, Francisco George. Assim, quem for acompanhado durante seis meses através deste “esquema inovador de cessação tabágica” irá ter vantagens na compra de fármacos para deixar de fumar, disse ontem o responsável escusando-se a explicar pormenores. Este serviço já esteve para começar a funcionar no final de Setembro.

Respondendo a perguntas dos jornalistas sobre a diminuição do número de consultas, o secretário de Estado Adjunto da Saúde, Fernando Leal da Costa, notou que “infelizmente um número muito significativo de consultas tinha uma frequência de utilização muito baixa”. O responsável assinalou que um dos dados que sobressai do documento é precisamente a falta de interesse dos portugueses para abandonar o hábito: 19% dizem não ter qualquer interesse em fazê-lo, 65% admitiram interesse ligeiro ou moderado e só 17% declaram ter forte interesse. “A motivação dos portugueses ainda é francamente baixa comparada com outros países”.

Leal da Costa disse que “em 2015 teremos notícias sobre a comparticipação de fármacos para a desabituação tabágica”. Esta é uma medida que há anos que está em cima da mesa mas o governante informou que está mesmo a ser ponderada a comparticipação em 40% de fármacos para deixar de fumar.

O responsável disse que estão a ser estudados vários aspectos, que dizem respeito à necessidade de os fumadores que recorrem a estes medicamentos terem de ser acompanhados, uma vez o recurso aos remédios não é garante, por si só, de sucesso no deixar de fumar. “Não queremos substituir o hábito tabágico por hábito medicamentoso. Só é útil se as pessoas forem acompanhadas. A pior coisa que pode acontecer é o Estado gastar milhões de euros com eficácia baixa”.

Apoio aumenta taxa de sucesso
A esse propósito a directora do Programa Nacional para a Prevenção e o Tabagismo, Emília Nunes, referiu que quem tenta deixar de fumar sozinho tem taxas de sucesso ao ano que não vão além dos 3 a 4%, já quem tem acompanhamento pode alcançar, durante o mesmo período de tempo, taxas de êxito de 30 a 40%.

Seguindo as recomendações da Organização Mundial de Saúde, Leal da Costa diz que os cigarros electrónicos vão ser proibidos em espaços públicos, à semelhança do que acontece com os cigarros tradicionais, independentemente de terem ou não nicotina, uma vez que “esta questão colocaria dificuldades ao agente verificador”.

Convidado a comentar o relatório, o professor de Educação para a Saúde da Universidade de Évora, Jorge Bonito, foi mais radical nas suas propostas, defendendo a proibição de fumar para menores de 18 anos e não apenas a venda destes produtos a menores. O docente criticou o facto de a ASAE (Autoridade de Segurança Alimentar e Económica), durante um ano, ter aplicado apenas duas infracções de venda de tabaco a menores. “A ASAE vê mal, não é admissível”. Notou ainda que os preços do tabaco em Portugal “são medianos e não elevados” e que o preço é uma das medidas com impacto no consumo.

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