Um programador informático londrino é o decapitador do Estado Islâmico

Amigos e fontes da investigação dizem não ter dúvidas sobre a identidade de "Jihadi John", o homem que surgiu nos primeiros vídeos a decapitar reféns.

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"Não tenho dúvidas de que Mohammed é 'Jihadi John'. Ele é como um irmão para mim... Tenho a certeza de que é ele", disse ao jornal americano um amigo de Emwazi. Uma organização de defesa dos direitos humanos, a CAGE, que esteve em contacto com Emwazi antes de este ter partido para a Síria, também disse que ele é "Jihadi John", um alcunha que lhe foi dada por alguns dos reféns.

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"Não tenho dúvidas de que Mohammed é 'Jihadi John'. Ele é como um irmão para mim... Tenho a certeza de que é ele", disse ao jornal americano um amigo de Emwazi. Uma organização de defesa dos direitos humanos, a CAGE, que esteve em contacto com Emwazi antes de este ter partido para a Síria, também disse que ele é "Jihadi John", um alcunha que lhe foi dada por alguns dos reféns.

"Há uma semelhança muito grande, o que me faz dizer que tenho quase a certeza de que é a mesma pessoa", disse Asim Qureshi, director de investigações da CAGE.

As autoridades britânicas — que ainda não confirmaram a identidade do jihadista — usaram uma série de técnicas para identificar o homem conhecido como "Jihadi John", que se tornou o símbolo da barbárie do Estado Islâmico. Foram feitas, por exemplo, análises de voz e entrevistas a antigos reféns. Em Setembro, o director do FBI (agências americanas estão envolvidas na investigação), James B. Comey, chegou a dizer que o homem, que surge nos vídeos do Estado Islâmico sempre vestido de negro e com a cara coberta — em alguns surge a decapitar reféns, o primeiro foi o jornalista dos EUA James Foley —, já estava identificado, mas o seu nome permaneceu em segredo.

O jornal britânico Daily Mail avança que "Jihadi John" é um licenciado de 27 anos que nasceu no Kuwait, mas chegou a Inglaterra aos seis anos e cresceu num bairro de classe média, Queen’s Park, na zona ocidental de Londres. O Mail diz que era frequentador ocasional da mesquita de Greenwich, no Sudeste da cidade, e que o seu pai é condutor de um táxi particular.

Os amigos, que falaram sob anonimato, disseram que Emwazi começou a sua radicalização depois de se ter licenciado na Universidade de Westminster e de ter planeado uma viagem de finalistas à Tanzânia, onde pretendia fazer um safari. Emwazi e dois amigos (um alemão convertido ao islão conhecido como "Omar" e outro homem, Abu Talib) não fizeram o safari. Mas aterraram em Dar-es-Salam (a capital da Tanzânia) em 2009 e foram detidos pela polícia, não se conhecendo o motivo da detenção — os três foram repatriados.

Emwazi viajou depois para Amesterdão (na Holanda) e emails obtidos pelo Washington Post sugerem que poderia estar a planear chegar à Somália, país que é a base de operações da milícia jihadista Al-Shabab. Um antigo refém do Estado Islâmico contou que "Jihadi John" estava obcecado com a Somália e que obrigava os ocidentais a verem vídeos sobre a Al-Shabab.

Um antigo refém que foi questionado depois de ter sido libertado disse que "Jihadi John" fazia parte de uma equipa que guardava os reféns ocidentais em Idlib, na Síria, em 2013, havendo mais dois homens com pronúncia britânica, um deles a quem foi dada a alcunha de "George" — outros reféns disseram que George se comportava como se fosse o chefe do grupo.

O Mail diz que Emwazi chegou a ser abordado pelos serviços secretos britânicos (MI5), tendo feito uma queixa de assédio à Independent Police Complaints Commission, denunciando que os agentes sabiam tudo a seu respeito, desde o local onde morava aos amigos com quem se dava. O jornal escreve que Mohammed Emwazi esteve no Kuwait, onde trabalhou, tendo sido detido e identificado pela polícia quando regressou a Londres. Chegou ao Médio Oriente em 2012, tendo-se juntado ao Estado Islâmico na Síria.