“Os países com maiores dificuldades não deviam pôr-se uns contra os outros”

Jorge Sampaio decidiu pronunciar-se sobre a questão grega, criticando o enfrentamento europeu e lembrando, a esse propósito, que “Portugal sempre soube promover consensos”.

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Jorge Sampaio referiu o trabalho feito pelas universidades e instituições científicas PÚBLICO/Arquivo

Só o fez, porém, à saída do auditório da Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, onde o aguardavam alguns jornalistas. E optou por uma declaração curta sobre o impasse europeu sobre as negociações com a Grécia, com uma passagem que é claramente dirigida à posição da diplomacia portuguesa: “Portugal, desde que entrou para a União Europeia, esteve sempre na formação dos consensos necessários. Vivi isso como Presidente da República com os primeiros-ministros que tive, com os negociadores, procurando precisamente que estivéssemos sempre a trabalhar para encontrar um denominador comum, em torno de princípios de solidariedade, participantes num projecto que é comum. Nos tempos que vamos vivendo, acho que os países que têm sofrido mais, não devem pôr-se uns contra os outros. Devem, pelo contrário, encontrar as alianças possíveis, num esforço efectivo de encontrar uma solução que possa servir a União Europeia. Não faz sentido os países estarem uns contra os outros. Não faz sentido… Só quero dizer isto assim, que toda a gente percebe. Não quero dizer mais do que isto. O que é preciso é que possamos continuar na União Europeia, independentemente das dificuldades que possamos encontrar, a procurar as melhores soluções para a nossa caminhada comum.”<_o3a_p>

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Só o fez, porém, à saída do auditório da Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, onde o aguardavam alguns jornalistas. E optou por uma declaração curta sobre o impasse europeu sobre as negociações com a Grécia, com uma passagem que é claramente dirigida à posição da diplomacia portuguesa: “Portugal, desde que entrou para a União Europeia, esteve sempre na formação dos consensos necessários. Vivi isso como Presidente da República com os primeiros-ministros que tive, com os negociadores, procurando precisamente que estivéssemos sempre a trabalhar para encontrar um denominador comum, em torno de princípios de solidariedade, participantes num projecto que é comum. Nos tempos que vamos vivendo, acho que os países que têm sofrido mais, não devem pôr-se uns contra os outros. Devem, pelo contrário, encontrar as alianças possíveis, num esforço efectivo de encontrar uma solução que possa servir a União Europeia. Não faz sentido os países estarem uns contra os outros. Não faz sentido… Só quero dizer isto assim, que toda a gente percebe. Não quero dizer mais do que isto. O que é preciso é que possamos continuar na União Europeia, independentemente das dificuldades que possamos encontrar, a procurar as melhores soluções para a nossa caminhada comum.”<_o3a_p>

À saída, Jorge Sampaio acrescentou, ao PÙBLICO que “a tónica tem de ser posta nos pontos que unem e não nos que dividem”. E lembrou que “os países com maiores dificuldades deviam, pelo contrário, consolidar entendimentos e reforçar cooperações nos pontos que os unem”.<_o3a_p>

"Vêm reforços a caminho"
Num dia agitado pelas reacções ao pedido de Atenas para o prolongamento do empréstimo, e no rescaldo das críticas do Presidente da Comissão Europeia, Jean Claude Juncker, à troika, também um dos mais novos movimentos políticos portugueses decidiu distanciar-se da posição oficial do Governo português.<_o3a_p>

O Livre/Tempo de Avançar decidiu expressar o seu apoio às posições anti-austeridade do Governo grego. Numa carta, dirigida aos “concidadãos gregos”, entregue esta sexta-feira, de manhã, na embaixada helénica em Lisboa, e publicada no diário Efsyn e citada no jornal I Avgi, próximo do Syriza, o novo movimento político português assegura que “vêm reforços a caminho”.<_o3a_p>

“Envergonham-nos e revoltam-nos as notícias de que o Governo de Portugal tem sido um obstáculo”, lê-se na carta, que foi traduzida para grego. As críticas à posição portuguesa não se ficam por aqui. “Se a Grécia for bem sucedida, todos ficarão a saber que era possível fazer as coisas de forma diferente, ao contrário do que nos diziam. Os políticos deste Governo português forçam a intransigência dentro do Eurogrupo por razões que se prendem com o futuro político deles, mas que são contra o interesse nacional ou europeu.” Para a candidatura que nasceu da convergência entre o Livre, a Manifesto e a Renovação Comunista, o Executivo de Passos Coelho “não nos representa”. “ Faremos pressão, dentro e fora de Portugal, para que o Governo de Portugal mude de posição — ou para que Portugal mude de governo.”<_o3a_p>

Classificando a equipa de Alexis Tsipras como o “primeiro governo anti-austeridade da União Europeia”, a carta deseja que as negociações em curso na União Europeia possam conduzir “a um novo contrato”, que permita “um futuro melhor para toda a zona euro”, lê-se. “No que depender de nós, a Grécia nunca mais estará sozinha numa reunião do Eurogrupo. E vamos consegui-lo já no futuro próximo. Caros concidadãos gregos: aguentem firmes, que vêm reforços a caminho.”