Schäuble diz que Portugal prova que ajustamento funciona

Programa português foi um contrato com “obrigações do nosso lado e solidariedade do outro”, afirmou Maria Luís Albuquerque.

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Albuquerque e Schäuble partilharam uma mesa de conferência em Berlim JOHN MACDOUGALL/AFP

Numa conferência sobre a crise na União Europeia e em Portugal, na qual participou a ministra portuguesa das Finanças, Maria Luís Albuquerque, Schäuble, sem se referir directamente à Grécia, acrescentou que o ajustamento funcionou “de forma mais eficaz do que muitos esperariam há quatro anos".

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Numa conferência sobre a crise na União Europeia e em Portugal, na qual participou a ministra portuguesa das Finanças, Maria Luís Albuquerque, Schäuble, sem se referir directamente à Grécia, acrescentou que o ajustamento funcionou “de forma mais eficaz do que muitos esperariam há quatro anos".

Num debate morno, a questão do impasse em torno do programa de assistência à Grécia, até aí referido pelo próprio moderador como "o elefante na sala", foi finalmente levantada no período de perguntas da audiência. Em resposta, Wolfgang Schäuble e Maria Luís Albuquerque destacaram a necessidade de os países sob programa mostrarem aos seus parceiros que são credíveis e de confiança. "O mais importante é não destruirmos a confiança mútua. Se destruirmos a confiança mútua, estamos a destruir a Europa", disse por diversas vezes Schäuble.

A resposta de Maria Luís Albuquerque assentou na mesma tónica. A ministra assegurou que é possível ajustar o memorando de entendimento, mas só ganhando primeiro credibilidade. "A nossa opção foi implementar o memorando e ajustá-lo ao longo do caminho, quando necessário. Mas primeiro tivemos que demonstrar que queríamos e íamos cumprir, para nos tornarmos um parceiro credível", afirmou. "Foi um contrato, se pudermos chamar-lhe assim, com obrigações do nosso lado e solidariedade do outro", resumiu.

Schäuble, que tem sido muito crítico da actuação de Varoufakis e do executivo liderado por Alexis Tsipras, escusou-se a comentar as negociações em curso com a Grécia. Ainda assim, revelou um episódio da última reunião do Eurogrupo com "o novo colega grego", Yanis Varoufakis. O governante alemão contou que "um colega, de outro Estado-membro", fez notar a Varoufakis que teria extrema dificuldade em explicar aos seus cidadãos que estes teriam de mostrar solidariedade com a Grécia, mas de modo a que Atenas aumentasse o salário mínimo para níveis superiores aos do seu país. A isto, o ministro grego terá respondido que os valores em causa eram suficientes para viver no Estado-membro em questão (nunca revelado), mas não na Grécia. O ministro alemão usou o exemplo para explicar que também ele tem de "convencer os eleitores na Alemanha”. 

Já no final, Maria Luís Albuquerque, questionada sobre se o passo que o novo Governo grego estará prestes a dar – solicitar uma extensão dos empréstimos, mas não do programa de assistência – será suficiente, e se Portugal apoiará este pedido, disse desconhecer qualquer proposta de Atenas. "Eu não sei que passo é que a Grécia está a dar, porque a informação que tenho é da comunicação social, e não acho muito razoável fazer juízos sobre aquilo que está nos jornais", disse, apontando que a realização de uma reunião do Eurogrupo na sexta-feira dependerá de haver ou não “material suficiente para justificar uma nova discussão".

O impasse nas negociações com a Grécia não têm tido efeitos de contágio negativo no mercado de dívida pública e Portugal voltou nesta quarta-feira a beneficiar de taxas de juro historicamente baixas. O Estado emitiu bilhetes de tesouro a 11 meses no valor de 1000 milhões de euros, a uma taxa de 0,138%. A procura foi o dobro da oferta. O tesouro emitiu ainda 250 milhões de euros de títulos a três meses. Neste caso, a procura superou em 4,26 vezes a oferta e a taxa de juro foi de 0,061%.