Schäuble diz-se “céptico” quanto a acordo com a Grécia

Ministros das Finanças da zona euro e presidente do BCE reúnem-se nesta segunda-feira. Alemanha critica "irresponsabilidade" grega.

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Schauble diz que a Alemanha não quer que a Grécia abandone o euro Johannes Eisele/AFP

O ministro das Finanças alemão, Wolfgang Schäuble, diz estar “muito céptico” em relação à possibilidade de se alcançar, esta segunda-feira, na reunião do Eurogrupo, um acordo com a Grécia. “Por aquilo que ouvi das conversações técnicas durante o fim-de-semana, estou muito céptico. Mas vamos receber um relatório hoje e depois se verá”, disse Schäuble, em entrevista a um programa da rádio pública Deutschlandfunk.

“Suponho que seja um grande jogo de poker do novo governo grego”, declarou o ministro alemão, criticando a actuação “irresponsável” de quem pretende rasgar os compromissos assumidos. “Elegeram um Governo que por agora se está a portar de forma irresponsável”, disse, a respeito do povo grego.

Interrogado sobre a possibilidade da saída da Grécia do euro, Schauble retorquiu: “Tem de perguntar isso aos meus colegas gregos”. “Não é o que queremos”, mas para que isso não aconteça, a Grécia tem de “cumprir um mínimo”, respondeu o responsável alemão na entrevista radiofónica, cujos excertos foram reproduzidos por agências como a Reuters e a AFP.

Questionado ainda sobre a caricatura publicada recentemente na imprensa grega em que aparece vestido de nazi, o ministro das Finanças alemão respondeu que se trata de “insultos”. “Contrariamente aos insultos de que somos alvo, não desejamos mal à Grécia”, assegurou.

Wolfgang Schauble também fez referência à “incorrecção” do ministro das Finanças grego, Yaris Varoufakis, considerando que teve palavras demasiado duras para com os outros europeus.

O programa de ajustamento grego termina no final deste mês e o novo Governo de Alexis Tsipras defende que uma extensão do programa seria insistir numa política de austeridade que não resultou.

Os responsáveis gregos pedem que lhes seja dada a possibilidade de emitirem dívida de curto prazo, que permita ao país cumprir os seus pagamentos até Setembro, na expectativa de que seja possível chegar a um novo acordo de longo prazo com os parceiros europeus.

Mas esta é uma ideia que não agrada ao BCE, tendo em conta que os compradores destas novas emissões de dívida teriam de ser os bancos gregos, o que aumentaria a sua exposição à dívida pública e ao risco soberano. Nas últimas semanas tem havido uma fuga de depósitos da banca grega e as acções têm sido muito castigadas em bolsa.

Certo é que Yanis Varoufakis parte para a reunião desta segunda-feira com o presidente do BCE, Mario Draghi, e os restantes ministros da zona euro sob pressão: se não houver acordo, a Grécia pode chegar a Março sem capacidade de se financiar e os bancos gregos sem fundos para cumprir os seus compromissos.
 


 


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