Dois livros reles

Eu, como a minha mãe, começo a ler todos os livros viáveis que me aparecem, mas largo-os mal começam a chatear-me. São tantos os bons livros que ainda não li que não posso perder tempo com os maus.

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Eu, como a minha mãe, começo a ler todos os livros viáveis que me aparecem, mas largo-os mal começam a chatear-me. São tantos os bons livros que ainda não li que não posso perder tempo com os maus.

Mesmo assim, há livros bem escritos que me enganam. Entre os mais elogiados e premiados de 2014 há dois que não consegui abandonar.

O primeiro foi Hawk, de Helen Macdonald, que ganhou tanto o prémio Samuel Johnson como o prémio Costa. É bem escrito, mas a escrita é obsessivamente egoísta. O açor que ela treina é uma projecção gratuita de ela própria.

O outro livro que li até ao fim foi The Book of Strange New Things, de Michel Faber. É uma fábula sentimental com todos os vícios catastróficos da ficção científica. E uma apologia cristã feita de lugares-comuns e fantasias banais.

Ambos os livros parecem diferentes: um é sobre uma experiência real; o outro parte de uma irreal imaginação. Mas, depois de lidos até ao fim, são duas historietas banais; duas perdas estúpidas de tempo.

Hawk é hughesiano, mas é rebuscado e descaradamente psicoterapêutico. The Book of Strange New Things é bem imaginado, mas mal escrito.

Vêm dar ao mesmo: são dois livros previsíveis, repetitivos e chatos. Enganam bem, mas não alegram. Começo a perceber a lógica de lê-los até ao fim: também sabe bem odiá-los.