Auditoria forense ao BES estará concluída até finais de Fevereiro

Garantia foi dada pelo Banco de Portugal à Comissão Parlamentar de Inquérito que investiga o colapso do universo do BES e do GES.

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Fernando Negrão anunciou que os deputados não vão prescindir da presença de nenhuma das entidades chamadas a depor Enric Vives-Rubio

A autoridade liderada por Carlos Costa reconhece, em todo o caso, que dada a informação disponível não é possível “fazer uma previsão segura quanto ao fecho do relatório respeitante ao último bloco”.

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A autoridade liderada por Carlos Costa reconhece, em todo o caso, que dada a informação disponível não é possível “fazer uma previsão segura quanto ao fecho do relatório respeitante ao último bloco”.

Por carta enviada aos deputados a 21 de Janeiro (assinada por Marta Abreu, chefe de gabinete de Carlos Costa), o BdP explica ainda que, após estar concluída a auditoria forense, “esta será anexada aos processos contra-ordenacionais já abertos ou pode determinar a abertura de novos”, mas que, em todo o caso, todos estão “sujeitos ao regime do segredo de justiça”.

“Adicionalmente, e na medida em que os mesmos [relatórios] contenham indícios de infracções de natureza criminal, podem ser enviados à Procuradoria-Geral da República”, lembra o BdP. O supervisor “reitera plena disponibilidade” para enviar toda a informação à CPI, assim que a sua divulgação não cause dano às complexas investigações em curso.

Negrão quer ouvir todos
O presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) ao colapso do BES e do GES, Fernando Negrão, iniciou os trabalhos desta quarta-feira informando que, "para já", os deputados não vão prescindir da presença de nenhuma das entidades chamadas a depor.

Negrão sublinhou que a CPI fará uma avaliação periódica das informações recolhidas no quadro das audições e, à medida que as vai realizando, “vai construindo o cenário dos factos mais aproximado possível da realidade” até se chegar à conclusão de que dispõe do essencial dos factos. “Aí, deixaremos de ouvir algumas pessoas que estarão inscritas", disse.

Esta quarta-feira, na agenda da CPI está a audição da responsável da KPMG, Inês Viegas, que assinou as cartas enviadas ao BdP alertando para o facto de o Banco Espírito Santo Angola (BESA) não estar organizado de modo a permitir, entre outras coisas, apurar o nome dos últimos beneficiários dos empréstimos concedidos pelo banco. Nem possibilitar saber se estes dispunham de “colaterais” (garantias) para poder liquidar a dívida em caso de incumprimento. Inês Viegas está já a prestar esclarecimentos sobre o conteúdo das missivas que dirigiu ao BdP em Junho e Julho de 2014.

Os deputados ouviram já os presidentes da KPMG Portugal e da KPMG Angola. Sikander Sattar esteve em São Bento, por duas vezes, e num dos encontros prestou declarações sobre a auditoria ao BESA à porta fechada.

Ao todo, desde que os trabalhos parlamentares arrancaram, a 17 de Novembro, que já foram realizadas mais de 30 audições, de um total de mais de 100 entidades chamadas a depor. O regulamento da CPI define que a comissão se possa prolongar por quatro meses.