O país onde as granadas são mais baratas que Coca Cola

República Centro-Africana: "O Séléka inundou de armas um país que já estava cheio delas".

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Guerrilheiros Séléka em Bossangoa Joe Penney/AFP

O relatório foi redigido depois de uma pesquisa no terreno. O grupo de pesquisa sobre armamento em zonas de conflito tentou perceber qual a origem das armas que chegam a um país totalmente desmembrado pela guerra civil que, desde 2013, opõe as milícias anti-balaka, de maioria cristã, e as forças Séléka, a coligação de antigos rebeldes muçulmanos que impôs o terror no país entre Março e Dezembro de 2013. As Nações Unidas decretaram um embargo de venda de armas ao Séléka em 2013.

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O relatório foi redigido depois de uma pesquisa no terreno. O grupo de pesquisa sobre armamento em zonas de conflito tentou perceber qual a origem das armas que chegam a um país totalmente desmembrado pela guerra civil que, desde 2013, opõe as milícias anti-balaka, de maioria cristã, e as forças Séléka, a coligação de antigos rebeldes muçulmanos que impôs o terror no país entre Março e Dezembro de 2013. As Nações Unidas decretaram um embargo de venda de armas ao Séléka em 2013.

"As granadas de mão tipo 82-2 estão entre as mais disseminadas no país", diz o relatório. "São tão comuns que podem ser compradas por preços entre os 50 cêntimos e um dólar, ou seja menso do que custa uma Coca Cola". "Sendo pequenas e fáceis de esconder, têm um impacto importante, causando ferimentos e mortes em Bangui [a maior cidade e considerada a capital] e por todo o lado", diz o relatório, citado pela BBC.

Detectar a proveniência das armas e perceber o tráfico é um dos objectivos deste levantamento. Alguns arsenais encontrados pertenciam a arsenais governamentais e foram roubados e contrabandeados. Outros foram claramente produzidos para chegarem a países como a República Centro-Africana. A embalagem de um carregamento de 25 granadas tipo 82-2 que os investigadores encontraram dizia que tinham sido produzidas na China e que o seu destino seria o exército nepalês. Porém, "o exército nepalês negou alguma vez ter usado aquele tipo de material".

Muitas das armas chegam à República Centro-Africana a partir de estados vizinhos, sobretudo do Sudão. "Os novos fornecimentos de armas incluíram pelo menos duas entregas por via aérea feitas a partir do Susão", diz o relatório.

"Independentemente do local de proveniência das armas, o resultado é claro: o Séléka, através do poder da sua garra, inundou de armas um país que já estava cheio delas", disse à BBC Lewis Mudge, da Human Rights Watch.