Opositor russo corta pulseira electrónica e recusa ficar em prisão domiciliária

Alexei Navalni diz que deveria ter sido libertado no dia 30 de Dezembro.

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"A pulseira foi cortada, com algum esforço, com uma tesoura de cozinha", escreveu. Antes disso, afirmou: "Sou a primeira pessoa na história dos tribunais russos a continuar em prisão preventiva depois do veredicto".

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"A pulseira foi cortada, com algum esforço, com uma tesoura de cozinha", escreveu. Antes disso, afirmou: "Sou a primeira pessoa na história dos tribunais russos a continuar em prisão preventiva depois do veredicto".

No dia 30 de Dezembro, Navalni, um blogger que se tornou conhecido por denunciar os crimes de corrupção da elite governante da Rússia, foi condenado a três anos de pena suspensa no processo em que era acusado de desvio de dinheiro de uma empresa de cosméticos francesa, que usava os serviços da sua empresa de transportes. O seu irmão, Oleg, réu no mesmo processo, foi condenado a três anos de prisão efectiva, com Navalni a considerar que era uma forma de o castigarem a ele.

O blogger estava em prisão domiciliária temporária, por a justiça ter considerado que violou a liberdade condicional — tinha sido condenado a cinco anos de prisão num outro processo de desvio de dinheiro, pena que foi transformada em pena suspensa.

Segundo Navalni — que considera que os dois processos são fictícios e apenas uma forma de o Kremlin o tentar silenciar —, no momento em que o veredicto de 30 de Dezembro foi pronunciado, a pulseira electrónica deveria ter-lhe sido retirada. Não foi e, apesar dela, o blogger participou, no mesmo dia, numa manifestação em Moscovo contra a prisão do irmão, tendo sido detido e levado de volta a casa.

De acordo com a agência Reuters, após o veredicto de Dezembro, a própria polícia ficou sem saber o que fazer da pulseira electrónica de Navalni. Terá surgido a ordem de mantê-la até à publicação do veredicto, o que só acontece a 15 de Janeiro.

O blogger opositor decidiu cortar a pulseira: "Recuso compactuar com a minha detenção ilegal", escreveu Navalni que foi candidato à presidência da câmara de Moscovo e, em 2011 e 2012 liderou as manifestações contra o Governo que reuniram dezenas de milhares de pessoas em Moscovo e noutras cidades russas.