Mais de 60% dos diagnósticos de VIH realizados tardiamente

O Núcleo de Estudos da Infecção ao VIH alertou esta quinta-feira que mais de 60% dos diagnósticos de VIH são realizados tardiamente, o que compromete a eficácia dos tratamentos, o bem-estar dos doentes e a "própria incidência da infecção".

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Público (arquivo)

"A epidemia em Portugal afecta as populações com comportamentos particularmente vulneráveis. Neste contexto, a percentagem de infectados ultrapassa os 5%. Por outro lado, a percentagem de diagnósticos tardios chegam a ser superiores a 60%, o dobro da média europeia", sublinhou o internista coordenador do NEVIH, Telo Faria. Telo Faria apontou como explicações para estes números a organização dos serviços de saúde, a ausência de campanhas dirigidas a grupos de populações com vulnerabilidades particulares e a factores de ordem socioculturais complexos.
Apesar destes números, o especialista afirmou que tem havido um esforço nos últimos anos, para inverter esta situação.

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"A epidemia em Portugal afecta as populações com comportamentos particularmente vulneráveis. Neste contexto, a percentagem de infectados ultrapassa os 5%. Por outro lado, a percentagem de diagnósticos tardios chegam a ser superiores a 60%, o dobro da média europeia", sublinhou o internista coordenador do NEVIH, Telo Faria. Telo Faria apontou como explicações para estes números a organização dos serviços de saúde, a ausência de campanhas dirigidas a grupos de populações com vulnerabilidades particulares e a factores de ordem socioculturais complexos.
Apesar destes números, o especialista afirmou que tem havido um esforço nos últimos anos, para inverter esta situação.

A infecção por Vírus da Imunodeficiência Humana (VIH) afecta diversos grupos sociais, mas, nos últimos anos, tem-se registado "um número em crescente de idosos infectados". Esta situação deve-se ao facto de a "infecção ser uma doença com características de cronicidade, que permite aos doentes viverem bem e durante mais anos", explicou Telo Faria.

Mas a elevada incidência do vírus neste grupo social também se deve ao facto de os idosos adquirirem fármacos para tratamento da disfunção eréctil, o que permite que "retomem a vida sexual, sendo assim potenciais infectados e agentes infectáveis, se tiverem comportamentos sexuais de risco", acrescentou. Apesar da actual crise político-económica, Telo Faria considerou que é possível investir na prevenção da doença e deixa conselhos para uma melhor actuação nesta área, como o "reforço de acções de educação, informação e prevenção em meio escolar e respectiva articulação com a saúde escolar".

Propôs também a realização de programas direccionados para grupos vulneráveis em articulação com as organizações não-governamentais e "a implementação e reorganização de uma rede de detecção precoce da infecção, com testes rápidos nas unidades de saúde".

Em Portugal, a prevalência da infecção por VIH é de um infectado em 140 pessoas e, em termos de incidência, é de 13.1 infectados por 100.000 pessoas. Em 2013, registaram-se 1,8 milhões de novas infecções por VIH e cerca de 1,3 milhões de mortes em todo o mundo.