Checos atiram ovos ao Presidente por ter apoiado a Rússia

Comemorações do aniversário da Revolução de Veludo em Praga marcadas por forte contestação a Milos Zeman.

Fotogaleria

Ao lado de Zeman estavam os presidentes da Alemanha, Hungria, Polónia e Eslováquia, que também não escaparam aos protestos. O Presidente alemão, Joachim Gauck, foi mesmo atingido por ovos, de acordo com a embaixada alemã em Praga.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

Ao lado de Zeman estavam os presidentes da Alemanha, Hungria, Polónia e Eslováquia, que também não escaparam aos protestos. O Presidente alemão, Joachim Gauck, foi mesmo atingido por ovos, de acordo com a embaixada alemã em Praga.

Discursando perante uma multidão de jovens universitários, no local onde foi iniciado o movimento de contestação estudantil que culminou na Revolução de Veludo, Zeman optou por enfrentar os protestos.

“Não tenho medo de vocês!”, respondeu aos manifestantes. “Há 25 anos, era perigoso sair às ruas, era preciso coragem. Eu estava entre os manifestantes”, disse Zeman, um ex-primeiro-ministro posicionado à esquerda, qualificando de “cobarde” a atitude dos jovens.

Em resposta, Zeman ouviu gritos de “Vergonha!” e “Demissão!”, enquanto os manifestantes lhe apresentavam grandes cartões vermelhos, como se o expulsassem do jogo. “Não queremos ser uma colónia russa”, lia-se em alguns cartazes, descreveu o correspondente da Reuters.

Na base da contestação ao Presidente checo, eleito no ano passado, está a posição próxima de Moscovo que tem sido privilegiada por Zeman, num contexto de uma cada vez maior confrontação entre a União Europeia e a Rússia.

Recentemente, Zeman afirmou ser contra as sanções impostas pela UE à Rússia, em função da anexação da Crimeia e do conflito na Ucrânia, que considerou “nada mais do que uma guerra civil”. “Não devemos estar ocupados com sonhos de apoio, incluindo económico, para a Ucrânia, porque nas condições de guerra civil, o apoio económico não faz sentido”, disse a um canal russo.

Numa entrevista radiofónica, Zeman referiu-se ao grupo russo de punk-rock Pussy Riot – que ganharam notoriedade nos últimos dois anos,ao denunciarem a política do Presidente, Vladimir Putin, e sobretudo depois de duas das suas integrantes terem sido condenadas a penas de prisão – como “um grupo pornográfico”.

Zeman foi também criticado por ter minimizado a repressão policial durante a Revolução de Veludo, que descreveu como “uma de várias manifestações da época”.

Para além das posições políticas controversas, Zeman tem sido acusado de utilizar uma linguagem demasiado vulgar. Durante os protestos desta semana viam-se também cartazes onde se lia “estou envergonhado pelo meu Presidente”.

Na mesma entrevista radiofónica em que falou das Pussy Riot, o Presidente checo utilizou um termo altamente pejorativo que corresponde a uma tradução do inglês “pussy”.

O primeiro-ministro checo, Bohuslav Sobotka, considerou os protestos contra Zeman uma “agressão inaceitável”, mas não deixou de condenar o comportamento recente do chefe de Estado.